(Me Case com um Boludo,
ARG, 2016) Direção: Juan Taratuto. Com Adrián Suar, Valeria Bertuccelli.
Por João Paulo Barreto
Em Roteiro de
Casamento, há uma tentativa pífia de se construir uma crítica à hiper-exposição
de celebridades na mídia do mesmo modo como tenta criar uma análise do quão
nocivo é a idealização do romance em um relacionamento.
Propondo-se funcionar como uma comédia romântica, o filme
consegue até criar bons momentos na interação entre os dois protagonistas, Fabián
Brando, o ator de sucesso vivido por Adrián Suar, e a novata no oficio
Florencia Córmik (Valéria Bertuccelli), principalmente nas cenas em que Fabián
conta vantagem em suas experiências no cinema.
Fabian e Florencia: romance precipitado e idealizado |
No entanto, ao insistir por muito tempo nas mesmas
situações, o que parece sempre focar no choro descontrolado por parte de Florencia
e na postura egocêntrica de Fabian (cuja mudança, sabe-se desde o começo, será
a razão para sua redenção), o filme cansa em sua proposta de fazer rir.
Curiosamente, a história da atriz que se apaixona pelo
personagem vivido por seu parceiro em cena e começa um relacionamento com o
ator que o interpreta, até engata certo interesse quando aborda o modo como o
ceder, a adaptação e o reconhecimento dos erros podem influenciar de modo
construtivo a vida a dois. Mas, quando essa proposta é colocada em prática, o
filme já esgotou a paciência do espectador em uma repetição de piadas baseadas
nas mesmas muletas de atuação que os atores usam à exaustão nos 100 minutos de projeção.
Piadas carente de timing cômico |
Para sermos justos, o longa até funciona em algumas de suas
gags visuais, como o momento em que o galã vivido por Adrián Suar sai de seu
trailer na chuva e segue sem se molhar em direção ao carro. Do mesmo modo,
ainda em sua abordagem romântica, a ideia de usar o roteirista de cinema como
conselheiro de Fabián quando este precisa de ajuda para se tornar o tal
personagem pelo qual a esposa se apaixonou, acerta por levar um aspecto metalinguístico
a um filme cuja banalidade de sua história o torna quase descartável.
Mas diante de tantas cenas forçadamente engraçadas e sem um
necessário timing cômico para se sustentar, como na irritante cena da cegueira
ao final, a paciência se esgota logo.
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