quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Festival Internacional de Cinema LGBTI



Seleção de 14 filmes 
entre longas e curtas nacionais e gringos


Entre 28 e 30 de agosto, produções nacionais e estrangeiras que abordam importantes temas da diversidade sexual e de gênero são exibidas on line e gratuitamente

Por João Paulo Barreto

Começa hoje e vai até domingo, através do site www.votelgbt.org/flix,  a quinta edição do Festival Internacional de Cinema LGBTI. Com exibição gratuita e uma seleção de 14 filmes entre longas, um média e curtas metragens, a mostra trará amplo leque das produções brasileiras e estrangeiras dos últimos anos dentro do tema LGBTI. São filmes que discutem  questões relacionadas aos dramas atrelados ao preconceito, à violência e à necessidade de autoafirmação na luta por um posicionamento social das pessoas LGBTI dentro da sua orientação sexual.

São contextos ligados à arte da poesia oriunda da periferia do Rio de Janeiro (MC Jess), bem como à precisa noção do uso do corpo como meio de se afirmar dentro da sua transsexualidade (Meu Corpo é Político), dentre vários outros temas e trabalhos. Mas não somente do peso de uma existência é composta a seleção realizada pela curadoria do festival. Trazendo, também, leveza e sorrisos através de outras vivências de pessoas LGBTI em uma abordagem menos densa, a comédia dramática do Uruguai, Os Golfinhos Vão para o Leste, desenvolve a relação de um solitário gay que descobre que será avô na visita da sua filha que, até então, evitava rever. A curadoria do festival é do coletivo #VoteLGBT, que luta por uma ampliação da representatividade das pessoas LGBTI dentro da sociedade.

Cena de Meu Corpo é Político, um dos filmes da Mostra

POESIA DE AFIRMAÇÃO

No sentido de reflexão de uma sociedade menos opressora e calcada em uma hipocrisia religiosa, familiar e moralista, um dos mais impactantes e esperançosos trabalhos selecionados pela curadoria do festival é MC Jess, curta metragem de 2018, escrito e dirigido por Carla Villa-Lobos. "É uma coisa muito intrínseca à vivência LGBT a questão da família. A fase inicial da aceitação é um ponto muito marcante, e que vai dizer muito que individuo essa pessoa irá se tornar. Se ela estiver bem com a família, ela vai viver a sexualidade dela de uma forma. Se a família já não lida bem com isso, vai ser uma outra experiência. Eu quis trazer ao filme esse lugar da família também para pensarmos sobre isso. Sobre essa menina que saiu de casa porque o pai não conseguia lidar", explica a diretora e roteirista. 

Cena de MC Jess, de Carla Villa-Lobos

Na figura de uma poetisa e performer vivida por Carol Dall Farra, que sobrevive como vendedora ambulante em trens do Rio de Janeiro, mas se realiza na leitura de suas inspiradas rimas e cadências poéticas, o filme traz essa reflexão citada dentro uma possibilidade de otimismo para a realidade de quem, além de sofrer preconceito familiar por ser lésbica, precisa ultrapassar as barreiras sociais e econômicas de sua existência como pessoa negra e vinda da periferia.

A cineasta Carla Villa-Lobos

"Enquanto realizadora LGBT, o que eu tenho percebido muito nas mostras é justamente a gente estar falando também não só das personagens LGBTs, mas, também, das outras intersecções que essas pessoas têm", explica Carla acerca da importância do Festival Internacional de Cinema LGBT.   

*Texto originalmente publicado no Jornal A Tarde, dia 28/08/2020





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