quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Cineclube Glauber Rocha - Monty Python e O Sentido da Vida


*Fotos do evento: Lara Carvalho

E aí as luzes se apagam e uma série de situações nonsenses e surreais começam a bombardear as retinas e mentes dos espectadores da oitava edição do Cineclube Glauber Rocha. Ontem foi dia de descobrir o Sentido da Vida com um grupo de cinco malucos britânicos e um americano. O Monty Python deu o ar de sua graça em uma sessão cujas gargalhadas e “whatafucks??” ressoaram quase que indefinidamente durante aqueles breves 100 minutos de filme.

Como o nome já diz, nesse terceiro longa metragem, os malandros venderam a ideia de que iam nos entregar as respostas para as perguntas que movem o universo. Para onde vamos? De onde viemos? Qual o razão de tudo isso? Mas, claro, pura picaretagem e desculpa para nos presentear com as situações mais esdrúxulas carregadas de um cinismo fino e uma inclemente crítica a instituições como o governo e a igreja católica. Principalmente a igreja católica.

Família grande e os dogmas da igreja católica
Em um dos esquetes iniciais, o filme traz uma família católica com dezenas de filhos e a impossibilidade de criá-los. A culpa? De certa instituição milenar que não permite que os seus seguidores usem camisinha, pregando que todo esperma é sagrado e Deus sabe muito bem se você anda desperdiçando-o por aí. Enquanto as crianças, em um caminhar sofrido e desanimado, são destinadas para pesquisa científica, já que o pai não pode criá-las, vemos o vizinho protestante olhar pela janela e defender a ideia de que, em seu credo, ele pode ir em qualquer farmácia e comprar um preservativo. Mesmo que só tenha feito sexo com a esposa duas vezes. E tenha dois filhos com ela.

Na escola, antes da aula PRÁTICA de educação sexual (!!), uma oração na qual o padre se resume a salientar e admirar a grandeza de Deus (“Oh senhor, como você é grande! Como você é enorme! Super!”). Mais uma alfinetada na igreja. Na tal aula, John Cleese apresenta as regras de como excitar e fazer sexo com a mulher, enquanto desinteressados alunos são forçados a prestar atenção.

Educação sexual prática
O filme segue de esquete em esquete, apresentando, em algumas, conceitos que podem ser relacionados ao tema central da obra e alternando com outros sem qualquer relação ao tal sentido da vida. É o caso da escatológica sequência com o obeso Sr. Creosote, que vomita no salão de um restaurante, causando asco (e vômitos) em todos os clientes. Até o momento em que ele, literalmente, explode de tanto comer. A cena, inclusive, quase foi excluída por conta do teor escatológico, mas acabou sendo mantida, pois se percebeu que a graça estava no personagem do garçom vivido por Cleese e nas confissões filosóficas do seu colega, Gaston (Eric Idle).

Oriundos da TV e seu programa Flyng Circus, os Pythons voltam à sua estrutura televisa após dois longas com estrutura narrativa convencional (A Vida de Brian e Em Busca do Cálice Sagrado), mas, ainda assim, os diretores Terry Jones e Terry Gilliam (este dirigiu o curta-metragem prólogo que abre o filme) conseguem explorar bem essa migração para o cinema em enquadramentos criativos, como o que mostra as crianças deixando a casa enquanto, em primeiro plano, vemos o casal protestante conversar. Outro ponto que se destaca é a montagem do curta The Crimson Permanent Assurance, dirigindo por Gilliam, que abre o filme. Combinando bem o uso de maquetes e cenários de tamanho real, o filme consegue equilibrar essa mescla fazendo graça da percepção óbvia do espectador quanto a suas dimensões.

Plateia atenta. Hora de falar dos doidos do Python
Na sessão de ontem, ficou evidente para o público presente essa não obrigatoriedade do filme em se levar a sério. São os Pythons, ora essa. No entanto, por debaixo desse verniz surreal, uma relevante observação da realidade é colocada em evidência. Em uma Inglaterra recém maculada pela Guerra das Malvinas (o filme é de 1983), o tipo de crítica que é feito ao exército inglês em três dos esquetes vistos, faz o filme crescer ainda mais em sua importância, como bem pontuou um dos curadores do Cineclube, Cláudio Marques, no debate pós sessão.

No debate, pertinentes observações feitas pelo teólogo e amigo Vitor Sousa ajudaram a ilustrar bem as questões religiosas levantadas pelos seis comediantes. Mesmo mantendo a linha debochada, o texto apresenta um respaldo histórico embasado, citando Lutero, por exemplo. No céu dos Pythons, inclusive, cabem todos, como observou Vitor em sua fala.

Difícil não sorrir enquanto se fala acerca de uma trupe dessas
Ao final, a resposta ao sentido da vida não poderia ser mais de acordo com nossa realidade de guerras, racismo e homofobia. “Tente ser gentil com as pessoas e viva em paz e harmonia com as pessoas de diferentes credos e nações”. E não é que se déssemos ouvidos aos doidos 31 anos atrás as coisas hoje poderiam ser diferentes?

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Cineclube Glauber Rocha - Era uma vez no Oeste


Fotos do evento: Lara Carvalho

Falar em público é complicado. Falar em público sobre um gênero tão rico quanto o Western é ainda mais complicado. Agora, imagina falar em público sobre Sergio Leone e sua obra máxima, Era uma vez no Oeste. A noite de 26 de agosto, no Itaú Glauber Rocha, teve momentos de pura imersão cinematográfica, encantamento diante de tamanha perfeição de um filme e, digamos, momentâneo pânico pelo fato de precisar exprimir ideias acerca de um artista que tanto admiro quanto Sergio Leone em frente a uma platéia atenta. Mas, nada que não passasse em poucos minutos após o debate engrenar da forma como ele foi planejado.


Público presente para o debate pós filme
A proposta sensacional do Cineclube Glauber Rocha de reunir um público apaixonado por cinema, uma obra marcante em condições fantásticas de áudio e imagem, e alguém para conduzir o encadeamento de ideias sobre aquele trabalho, já se consolida nesta sexta sessão. Com o formato planejado pelas produtoras Tais Bichara e Lara Carvalho, e pelos curadores Cláudio Marques e Marília Hughes, e que remete ao Cineclube original da década de 1950 que o então Cine Guarani possuía sob a batuta do crítico Walter da Silveira, o nosso atual Cineclube é o que de melhor se encontra no leque de opções cinéfilas de Salvador.

Breve nervosismo diante de um tema tão grandiosos quanto Sergio Leone

Pouco antes do papo pós filme começar, lembrei que, coincidentemente, exatos quatro meses antes eu havia conversado pela última vez com João Carlos Sampaio. O papo aconteceu ali mesmo, no Espaço Itaú Glauber Rocha. Papeamos sobre diversos assuntos e, claro, sobre o cineclube, que começaria na semana seguinte com a exibição de Laranja Mecânica, do Kubrick, e debate mediado pelo próprio João. Eu, já um tanto ansioso pela ocasião de me postar em frente à plateia, perguntei a JC como ele, que já tinha tantos anos de prática, fazia. A resposta não poderia ter sido melhor ou mais de acordo com a personalidade adorável de Janjão: “Eu sei lá, nego. Apenas chego lá na frente e falo”, ele disse, com aquele sorriso de canto de boca que lhe era tão característico. Eu apenas sorri e entendi o recado. Bastava manter a calma (difícil) e expressar as impressões sobre a obra. Disse a João que o projeto era foda. Sensacional, mesmo. Ele concordou e falou algo ainda mais de acordo com seu senso de humor único: “pois é, nego. A ideia é muito boa, mesmo. Reunir um público antenado e chamar gente com carisma, cinesmática e bacana para explanar sobre os filmes exibidos é algo sensacional. Pena que não acharam ninguém e tiveram que chamar você, eu, Rafael Saraiva, Rafael Carvalho...”. Esse era o João que eu tanto admirava. E foi legal ter pensado nele no momento em que eu me postei lá na frente.

Harmônica e Cheyenne: vingança soturna e carisma irônico
A exibição de Era uma vez no Oeste foi como um retorno pra casa. Já é clichê dizer que é no cinema que obras como essa devem ser testemunhadas. Mas são poucas as que seguem tão à risca esse condicionamento. As marcas do modo Sergio Leone de se fazer cinema estão incrivelmente evidentes neste filme. E vê-las naquela tela gigante da Sala 1 do Espaço Itaú Glauber Rocha nos traz a percepção completa deste modo obrigatório de testemunho. As panorâmicas do Monuent Valley mostrando as intenções de Leone em prestar, com seu filme, um tributo a mestres anteriores como John Ford e Howard Hawks; os supercloses sinônimos de seu nome como cineasta; as marcas pesadas nos rostos de Charles Bronson, Henry Fonda e Jason Robbards denotando justamente a história de vida marcada pela violência daqueles personagens. Claro, há, também, a beleza estonteante de Claudia Cardinale, que parece nunca ter estado tão linda quanto neste filme. E, obviamente, os quatro temas musicais criados por Enio Morricone, um para cada protagonista, conseguem oscilar de forma sublime entre a emoção de Jill, a ex-prostituta vivida por Cardinale; a tensão que a vingança perpetrada por Harmônica (o matador vivido por Bronson); o terror da presença de Frank, o assassino encarnado por Fonda, e o toque de comédia que Cheyenne (Robards) traz em seu personagem. As músicas são orgânicas e criam uma identificação com cada um deles, destacando cada tema.

Estonteante: Claudia Cardinale nunca esteve tão linda
Não bastando somente os temas musicais, Morricone traz em seu trabalho um desenho de som inspirador, que valoriza este elemento de modo primordial, criando sequências como a de abertura, quando quase treze minutos de filme são preenchidos somente com sons diegéticos oriundos apenas dos elementos materiais em cena. Há outros momentos, como quando conhecemos Cheyenne quando este adentra na taverna após escapar de uma escolta policial ou quando as cigarras da fazenda McBain param de cantar prevendo a morte que se aproxima que nos faz perceber esse cuidado com o uso do som no filme como motivo de regozijo. Além disso, há os raccords sonoros encantadores, como quando há uma união entre o som do tiro que mata o pequeno Timmy com a chegada do trem de Jill; ou o trem de Morton com o serrote na construção da ferrovia. São pequenos detalhes que nos faz perceber o apuro e cuidado de um mestre na criação de sua obra. É notória uma frase de Leone que dizia que 40% de um filme é música. No entanto, nos outros 60%, ele também não decepcionava.

No caráter imagético, ele tinha uma habilidade incrível de equilibrar cenas panorâmicas de paisagens com os rostos marcantes dos personagens. Esses rostos, marcados pelo sol forte e pela passagem do tempo, acabam servindo de peças na construção visual do filme. O equilíbrio dos dois elementos encontrado aqui é visto em cada uma de suas composições cênicas. São detalhes que abordam a aridez daquele universo e o seu reflexo físico nos personagens.

Henry Fonda perde sua face de mocinho na pele do matador Frank
A orquestração da obra de Sergio Leone, com seus personagens em passos lentos, caminhando em direção à morte, quase que dançando com ela ao som da música de Enio Morricone, é outro ponto que chama a atenção. Sua mise en scene é perfeita. Há momentos como aquele quando a câmera sobe por sobre a estação de trem em uma panorâmica da cidade de Flagstone em que, com o crescente musical do momento e a apresentação daquele ambiente, fica difícil não perder o fôlego tamanha precisão dos movimentos. 

Creio que a sessão de 26 de agosto foi a que mais fez jus à proposta de exibir clássicos na tela do Cineclube Glauber Rocha. A grandiosidade da obra prima de Sergio Leone pedia por isso.

Mais uma vez, meu muito obrigado a Tais, Lara, Cláudio e Marília por esse presente e pelo convite para fazer parte disso. 





segunda-feira, 18 de agosto de 2014

The Rover - A Caçada

(The Rover, Austrália, 2014) Direção: David Michôd. Com Guy Pearce, Robert Pattinson, Scott McNairy.



Por João Paulo Barreto

Diferente da ambientação urbana de seu longa anterior, o premiado Reino Animal, de 2010, o diretor David Michôd trouxe para The Rover um teor pós apocalíptico característico do outback australiano, local que parece sempre repleto de desespero e terror latentes oriundos de personagens psicopatas.

Aqui, a coisa não é muito diferente. No tal futuro pós-apocalíptico que o letreiro inicial informa se passar 10 anos depois de um colapso da sociedade (colapso esse que parece ser econômico, e não causado por algum agente biológico ou coisa do tipo), Eric, um maltrapilho homem com aparência de poucos amigos, tem seu carro roubado por supostos assassinos que abandonam o próprio veículo após um acidente.  Começa, então, a busca pelos ladrões e pelo seu carro, que parece ser seu último bem material.

Funcionando como um road movie suicida, The Rover traz Guy Pierce como um protagonista no limite emocional que o faz não pensar duas vezes antes de executar a sangue frio um traficante de armas que não aceita negociar preços ou encarar um revolver apontado para sua testa com a mesma coragem de quem encara uma briga justa. É o tipo de personagem perdido, sem esperanças de redenção, mas com um único norte como meta, algo que leva o espectador a torcer por ele mesmo sem conhecer nenhum traço de seu passado brutal.

Eric: atitudes suicidas de quem nada tem a perder
Na busca pelos ladrões de seu carro, topa com o irmão deficiente mental de um deles. À beira da morte, o rapaz pede ajuda e acaba servindo de guia para Eric seguir os rastros dos bandidos. A relação que se desenvolve entre ambos torna-se a tona do filme. Robert Pattinson, no papel do jovem assassino Rey, volta a confirmar que há vida pós Crepúsculo e apresenta uma atuação complexa, repleta de tiques nervosos, com um pesado sotaque australiano e sem vaidades na entrega.

A história da relação da amizade baseada na sobrevivência dos dois protagonistas, apesar de se valer de certas conveniências do roteiro para seguir em frente, é o que torna intrigante a história escrita pelo ator Joel Edgerton (Guerreiro) e pelo próprio diretor. Enxergando na imagem do homem mais velho uma autoridade paterna, a personalidade manipulável de Rey torna-se evidente e passamos a vê-lo como uma vitima dos homens que agora persegue.

Rey: confusão mental, carência afetiva e instinto assassino
Na construção de seu personagem, Pattinson, em trajes sujos, olhares desencontrados e repletos de confusão, esconde uma profundidade palpável. O choque entre a dureza de Eric e o pedido involuntário por socorro de Rey é perceptível quando este o questiona sobre o fato dele não conseguir parar de pensar em uma de suas vítimas. “É o preço a se pagar por ter tirado uma vida. Você tem que carregá-la consigo para sempre”, é a resposta de Eric, que define a personalidade e entrega parte do passado daquele homem.  

Um dos pontos de acerto da produção está na escolha de elenco, com a inserção de atores direcionados a personagens cujas aparências incomuns e estranhas refletem o ambiente inóspito onde vivem. Os rostos marcantes acabam por se tornar peças na construção visual do filme. Não somente em suas aparências físicas, com queimaduras oriundas do sol escaldante e aspereza visual denotando bem o universo onde vivem, mas suas atitudes refletem um desenho daquele mundo destruído social e economicamente.

Em certo momento, vemos um comerciante condicionar uma informação à compra de qualquer mercadoria de sua loja caótica. Ao parar em um posto de gasolina, Eric argumenta com o vendedor que só tem dólares australianos e este, de modo agressivo, replica dizendo que apenas americanos são aceitos. Pelo visto, a economia estadunidense se manteve dominadora naquele caos. Uma mensagem subliminar para quem seria o maior beneficiado em uma situação social como aquela? Divago.

[ATENÇÃO, SPOILER] Na aparente irracional busca pelo seu carro, Eric apresenta uma motivação apenas revelada na última cena do filme e que, infelizmente, acaba por não conseguir trazer o impacto desejado pelo diretor ao inseri-la. Quando o vemos retirar um animal morto do porta-malas (algo que, aparentemente, pretende enterrar de forma digna), obviamente temos um vislumbre da complexidade daquele personagem, que descarta vidas humanas de forma tão banal, mas se importa em dar a um animal uma simbólica e apropriada despedida.

No entanto, não deixo de imaginar como seria o impacto do roteiro se o visemos retirar do porta-malas o corpo da esposa, que ele admitiu ter assassinado por conta de uma traição.





sábado, 16 de agosto de 2014

Oficina “A mutação histórica do cinema – em película, eletrônico e digital”


Como parte das atividades relacionadas ao Cineclube Glauber Rocha, será realizada na Sala Walter da Silveira uma oficina gratuita com o professor, curador e restaurador Hernani Heffner. Além da oficina, obras clássicas em película serão exibidas.Confira abaixo as informações pela produção do Cineclube através de release.



A Oficina “A mutação histórica do cinema – em película, eletrônico e digital” é uma realização do Cineclube Glauber Rocha em parceria com a Diretoria de Audiovisual da Fundação Cultural do Estado da Bahia.

As aulas acontecerão na Sala Walter da Silveira, das 13h às 17h, entre os dias 15 e 18 de setembro e serão ministradas pelo professor, curador e restaurador Hernani Heffner (foto abaixo). O curso é gratuito e as inscrições devem ser feitas até o dia 05 de Setembro no link: http://cineclubegr.com/oficina/inscreva-se/


EMENTA DA OFICINA


O curso apresentará um breve panorama das principais fases, escolas, movimentos e personalidades dos pouco mais de 120 anos de história do cinema, forma de expressão artística, documental, jornalística e experimental que assumiu um papel central na cultura audiovisual do século XX.


Em um paralelo com diferentes proposições de verdade científica, a criação cinematográfica será analisada a partir de noções como causalidade/cinema clássico (paradigma newtoniano), relatividade/cinema moderno (paradigma einsteiniano), incerteza/cinema maneirista (paradigma heisenberguiano) e caos/cinema contemporâneo (paradigma mandelbrotiano).

O curso apresentará trechos de filmes e terá uma mostra de obras consagradas a ser apresentada na Sala Walter da Silveira.

SOBRE O MINISTRANTE


Foto: Leo Fontes

Hernani Heffner é graduado em Comunicação Social – Habilitação Cinema pela Universidade Federal Fluminense. Entrou como pesquisador contratado para a Cinédia Estúdios em 1986, passando 13 anos na companhia, primeiro como pesquisador e depois como responsável pelo acervo de filmes. A partir de 1996 assumiu o trabalho de restauração dos principais títulos da companhia, como “O Ébrio”, “Alô, Alô, Carnaval” e “Berlim na Batucada”. No mesmo ano passou a trabalhar como Curador de Documentação e Pesquisa da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, transferindo-se três mais tarde para o Arquivo de Filmes da instituição, onde atua até a atualidade como Conservador-Chefe.

A partir de 2000 passou a atuar como professor de História do Cinema e de Preservação de Filmes, tendo passado pelas seguintes instituições de ensino: Universidade Federal Fluminense, Estácio de Sá, Cândido Mendes, Fundação Getúlio Vargas, CineTV-Paraná e Usina João Donato. Desde 2005 dá aulas no curso de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. É autor de inúmeros artigos para revistas, catálogos e livros, além de mais de cem verbetes da Enciclopédia do Cinema Brasileiro (Editora Senac, várias edições). Participou de dezenas de debates, oficinas, cursos livres. Foi curador das Mostras Raízes do Século XXI, Miragens do Sertão, A Tela Aberta e Cinédia 75 Anos, realizadas na Caixa Cultural e no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro. É curador dos Festivais Cine Música e Mostra de Cinema de Ouro Preto – CineOP – Temática Preservação.

Professor: Hernani Heffner (RJ)
Carga horária: 16 horas*
Data: 15 a 18 de setembro
Horário: 13 às 17h
Local: Sala Walter da Silveira, Biblioteca Pública do Estado da Bahia
Inscrições: até 05 de Setembro
*Terá direito a certificado o participante que cumprir 100% da carga horária do curso.


MOSTRA "CINEMA - OBRAS FUNDAMENTAIS"


A Mostra “Cinema – Obras Fundamentais” é uma realização do Cineclube Glauber Rocha em parceria com a Diretoria de Audiovisual da Fundação Cultural do Estado da Bahia, com o apoio da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e da Cinemateca da Embaixada da França no Brasil.

A curadoria da Mostra foi feita por Hernani Heffner, e as sessões estão associadas à Oficina “A mutação histórica do cinema – em película, eletrônico, digital”, ministrada por Heffner no mesmo período também na Sala Walter da Silveira.

PROGRAMAÇÃO

Segunda-feira, 15/09, às 17h

                                        

“A Mãe”, de Vsevolod Pudovkin

Ficção, 89’, URSS, 1926, 35mm

Adaptado do romance de Maxim Gorky, o filme narra a história de Niovna-Vlasova, esposa de um ferreiro alcóolotra morto acidentalmente por um militante, amigo de seu filho e a sua participação na investigação polical da morte de seu marido.

Segunda-feira, 15/09, às 19h

                                            

“Aurora”, de Friedrich Murnau

Ficção, 94’, EUA, 1927, 16mm

Um homem está passando por uma crise conjugal e com a sua fazenda, enquanto sua mulher sofre silenciosamente com a infidelidade de seu marido enquanto cuida de seu filho. Entretanto, quando o homem começa a se relacionar com uma mulher da cidade, ela tenta convencê-lo a matar a sua esposa.

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Terça-feira, 16/09, às 17h


“Othello”, de Orson Welles
Ficção, 90’, EUA, 1952, 35mm

Baseado na peça homônima de William Shakespeare, o filme segue Othello, que se casa com a linda Desdemona, mas, influenciado pelo malvado Iago, logo começa a duvidar da fidelidade de sua esposa.

Terça-feira, 16/09, às 19h



“A Regra do Jogo”, de Jean Renoir
Ficção, 110’, França, 1939, 35mm

Em uma adaptação da comédia de Alfred de Musset, “Les Caprices de Marianne”, um baile de máscaras que acontece na casa de campo da alta burguesia francesa é o palco para o desenvolvimento de diversos romances amorosos tanto na alta burguesia como nos empregados da mesma.

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Quarta-feira, 17/09, às 17h

                             
             

“Os Boas Vidas”, de Frederico Fellini.
Ficção, 104' , Itália, 1953, 35mm

Numa pequena cidade da Itália, cinco jovens amigos são típicos “vitelloni” (inúteis) e vivem uma vida boêmia cheia de bebidas e mulheres. Sem perspectivas de vida, cada um encontra um modo de escapar da monotonia da vida provinciana tentando aproveitar e curtir as aventuras que esse mundo os reserva.

Quarta-feira, 17/09, às 19h

                                             
 


“A Guerra Acabou”,de Alain Resnais 
Ficção, 121’, França, 1966, 35mm

O líder do Partido Comunista espanhol Diego está voltando para Paris, a cidade onde mora, de uma missão em Madri. Após ser preso na fronteira por usar um passaporte pertencente a outra pessoa e conseguir ser liberado, ele procura por um de seus colegas, Juan, para impedir a sua ida à Madri, onde ele também poderia ser preso pela polícia.

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Quinta-feira, 18/09, às 17h

“O Massacre da Serra Elétrica”, de Tobe Hooper
Ficção, 83’, EUA, 1974, 35mm

Após a polícia texana dar como encerrado o caso de um massacre de 33 pessoas, a instituição é acusada de conduzir uma investigação errônea e matar o homem errado. Dessa vez, o único sobrevivente fornece o seu depoimento do que aconteceu na noite do massacre.


Sessão surpresa

Quinta-feira, 18/09, às 19h




quinta-feira, 14 de agosto de 2014

As Tartarugas Ninja

(Teenage Mutant Ninja Turtles, EUA, 2014) Direção: Jonathan Liebesman. Com Megan Fox, Will Arnett, William Fichter.



Por João Paulo Barreto

Começar um texto sobre um filme com o elogio de que “a obra, por não se levar a sério, acaba por apresentar um bom resultado”, não é a melhor maneira. Isso é fato. No entanto, é preciso levar em consideração essa possibilidade quando se trata da versão século XXI de As Tartarugas Ninja. Todos os pontos positivos do longa de Jonathan Liebesman se baseiam justamente nisso. Explico.

A começar, claro, pela premissa de tartarugas adolescentes mutantes ninjas lutando contra o crime em uma Nova York cujo principal grupo de bandidos é conhecido por Clã do Pé (sim, isso se deve ao fato de que eles pisam nos seus inimigos ¬¬). Esse mesmo grupo se alia a um cientista magnata com o plano de espalhar pela cidade um vírus cujo antídoto somente ele possui e pretende vendê-lo a um preço que o tornará ainda mais rico. E não somente isso: o líder do clã, um ninja cuja armadura reflete as obras recentes do produtor Michael Bay, pretende governar a cidade. Ufa.

Transformer fazendo ponta no filme: produção de Michael Bay

Classificando todos esses “meros detalhes” como motivos para não se levar a sério mesmo, As Tartarugas Ninja até que agrada como comédia. As tiradas das criaturas adolescentes do título são divertidas, principalmente quando centradas na brigas entre os irmãos mutantes e no personagem de Donatelo, com sua paixonite pela repórter April O’Neal (Megan Fox, cuja beleza na tela parece nos fazer esquecer de sua total limitação como atriz).

Como um filme oriundo das histórias em quadrinhos, os enquadramentos utilizados por Liebesman funcionam bem, como na cena que abre o filme ao vermos um breve resumo da trajetória prévia e evolução das tartarugas e de seu mestre, o rato de laboratório Splinter. Do mesmo modo, a transição dessa narrativa estilizada para a imagem da Nova York real, e as sequências de ação com os protagonistas em fuga pelos esgotos enquanto escorregam por túneis usando seus cascos como pranchas ou skates, referenciam de forma empolgante o universo das HQs nas quais se baseiam.

Fox: Tino jornalístico e beleza estonteante  

Com fotografia do brasileiro Lula Carvalho, o filme se equilibra muito bem entre o clima soturno dos esgotos e da noite de Nova York, fazendo jus ao seu material original, bem diferente das primeiras inserções dos personagens no cinema, no começo dos anos 1990. Personagens estes que, dessa vez, assustam em seu realismo e brutalidade física, algo que denota uma fidelidade impar ao material dos quadrinhos, excetuando-se, claro, o aspecto violento excessivo que a versão impressa continha.

Num filme que termina com a música Happy Together, do The Turtles, cantada por uma, hummm, tartaruga, talvez isso nem faça tanta falta, de fato. 

terça-feira, 5 de agosto de 2014

O Homem das Multidões

(Brasil, 2012) Direção: Marcelo Gomes e Cao Guimarães. Com Paulo André e Silvia Lourenço.



Por João Paulo Barreto

A solidão é o que move os personagens de O Homem das Multidões. De forma paradoxal ao seu título, Juvenal, seu protagonista, não faz parte de nenhum vasto universo de pessoas. Vive solitário em sua rotina de operador de trem, observando estações passarem estagnadas adiante do mesmo modo que sua vida segue, paradoxalmente, inerte e em frente.

Introspectivo e sem traquejo social, não tem muita naturalidade para conversar com colegas de trabalho, mantendo-se em silêncio durante horários de almoço e sem conseguir dizer não a um interesseiro que insiste em pedir-lhe uma constante troca de turno. Pragueja sobre isso, em casa, ao tentar realizar uma faxina que parece nunca tornar aquele ambiente menos sujo. Mas nunca cria a coragem para dizer o não necessário para se afirmar.

Sua visão de mundo se altera um pouco ao conhecer Margô, a coordenadora de trafego que controla sua linha. No entanto, qualquer esperança que nutra no sentido de tê-la torna-se apenas um devaneio diário. Noiva e sem o mesmo traquejo social que falta a ele, ela derruba qualquer pretensão romântica sua ao convidá-lo para ser seu padrinho de casamento sob o pretexto de não conhecer ninguém a quem fazer o mesmo pedido. Claro, Juvenal ensaia sozinho uma negação ao pedido, mas, pouco tempo depois, lá está ele, alugando um terno para a ocasião e trocando o par de sapatos sociais pelos calçados do dia-a-dia de trabalho, numa brilhante alusão a sua condição dependente ao seu meio de vida. 

Juvenal em seu apartamento: solidão e desajuste
Baseado em Poe, O Homem das Multidões é um filme que trata de desajustados. Pessoas que passam pelo mundo sem qualquer intenção de desafiá-lo, seguindo apenas as horas do dia ou sendo empurradas por elas. Juvenal ainda tenta ter uma vida, pelo menos algo que, em sua visão, o distraia com algum norte. Mesmo que isso signifique visitas a prostíbulos, exercícios físicos por conta de um possível interesse de Margô, e caminhadas a esmo por shoppings, subindo escadas rolantes para, logo em seguida, descê-las.   

Margô, ao passar seus dias a observar apenas os monitores de segurança, encontra em Juvenal alguém com quem compartilha seu silêncio e introspecção, apesar dos breves desabafos relacionados ao trabalho. E é tocante como ela se identifica com o desajuste deste, presenteando-o com copos novos quando este não podia lhe servir água por  possuir somente um em casa, ocasião em que aceita de bom grado beber direto da garrafa.  

Margô e Juvenal: silêncio confortável
Contemplativa e pausada, é uma obra que desafia o espectador e, ao mesmo tempo, o prende, cativando-o com uma história simples, mas que, apresentando personagens tão extraordinariamente comuns, acaba por se tornar de uma profundidade impar.

Em uma atualidade tão repleta de meios urgentes e fugazes de comunicação, o silêncio atencioso entre duas pessoas em um ambiente tende a se tornar, de fato, deslocado. Aqui, a naturalidade como isso se apresenta é que o classifica como imprescindível para duas pessoas que só encontram algum conforto quando estão na presença silenciosa e mútua.        


segunda-feira, 28 de julho de 2014

Projeto Quartas Baianas volta à Sala Walter

O projeto Quartas Baianas está de volta. Criado pela Associação Baiana de Cinema e Vídeo (ABCV), com o apoio da Diretoria de Audiovisual, da FUNCEB, o espaço dedicado à produção audiovisual do Estado retoma as projeções em 35 mm, na Sala Walter da Silveira, para oferecer às novas gerações não apenas o acesso a longas e curtas-metragens baianos clássicos, como ao formato original de exibição dessas obras. É a um só tempo um trabalho de resgate e difusão, sintonizado com o caráter de preservação da memória, que é uma das marcas do projeto ao longo de quase uma década de atividades.

Outra novidade do “Quartas” será a incorporação de projeções audiodescritivas, também com o intuito ampliar a acessibilidade à cinematografia local. No primeiro momento, o projeto, por meio de parceria com a Mostra “Terceiro Olho”, vai programar filmes baianos já adaptados ao processo de audiodescrição, mas, com a criação desse espaço regular para tal modalidade de exibição, espera estimular a incorporação da audiodescrição à produção baiana.

Informações divulgadas através de release.

Dia 30 de julho - 19h - Curtas 
Exibições em 35mm

50 anos do Golpe Militar - Memórias estilhaçadas




Porta de Fogo (Brasil, 1982)
Direção: Edgard Navarro
Duração: 21 minutos
Elenco: Edgard Navarro, Ricardo Almeida, Celso Aguiar, Pola Ribeiro e José Araripe Jr.
Classificação: 16 anos
Sinopse - Porta de fogo é um filme de curta metragem sobre a morte trágica do capitão-guerrilheiro Carlos Lamarca e de seu companheiro, Zequinha, no sertão da Bahia, em setembro de 1971. À luz da literatura de cordel, o filme inventa um encontro entre Lamarca e Lampião na derradeira hora. São dois capitães, dois guerreiros de valor marcados de diferentes formas pelo ódio à opressão e pelo amor à liberdade, levados a uma senda inglória pela força de um carisma feito de sangue. Numa celebração entre guerreiros que voltam às suas hostes, o cangaceiro vem preparar o guerrilheiro em meio ao delírio que antecede o transe final. Quando o cerco se fecha sobre aquele homem - acossado, faminto, doente - o tempo detém seu curso. O sol se parte, a terra treme, o visível se nega e a última batalha então se trava, metáfora de transcendência: uma fenda se abre no céu, entre os dois mundos - porta de fogo


Lua Violada (Brasil, 2002) Direção: José Umberto
Duração: 21 minutos
Elenco: Geraldo Cohen, Igor Marcelame, Gilson Santos de Assis, Ewald Hackler e Roque Araújo
Classificação: 16 anos
Sinopse - Dois adolescentes gozam a noite numa pacata cidade do recôncavo baiano. A paz é interrompida com a presença de um capelão que chega para impor uma nova ordem política. O golpe militar de 64 acaba de ser deflagrado e tem início a ditadura. Os jovens, alheios ao que se passa no País, pressentem a mudança de regime instalado e experimentam o rito de passagem para a maturidade pelo sacrifício da fúria.

Nós, por exemplo (Brasil, 1979)
Direção: José Walter Lima
Duração: 10 minutos
Elenco: Edgard Navarro, Marcia Vergner e Michel Argouges.
Classificação: 16 anos
Sinopse - Nas ruas de uma grande cidade, Edgard protesta. Absorto em seu apartamento, lê e reflete sobre a alienação do homem: livre para consumir, mas amarrado pelo desejo da propriedade privada. Mesmo grávida, sua companheira Márcia o abandona, mas não sem avisá-lo do perigo que o espreita. Sem rumo, Edgard retoma sua indignação contra a sociedade da qual faz parte.

Dia 6 de agosto - 19h
Quartas Baianas na Bienal



O Imaginário de Juraci Dórea no Sertão (Brasil, 2013)
Direção: Tuna Espinheira
Documentário
Classificação: Livre
Sinopse - O filme é um documentário contando a vida do artista plástico feirense Juraci Dórea.

Dia 13 de agosto - 19h
Saudades de Olney São Paulo


O Forte (Brasil, 1974) Direção: Olney São Paulo
Duração: 90 minutos
Elenco: Adriano Lisboa, Suzana Vieira, Sanda Mara e Monsuetto Menezes
Classificação: 14 anos
Sinopse - O engenheiro Jairo retorna à sua cidade - Salvador - para demolir o forte de São Marcelo, com mais de 400 anos de idade. No local será erguido um parque infantil. Para Jairo, essa destruição representa a aniquilação de todo o seu passado, pois foi naquele forte que ele um dia amou Tibiti, a namorada de juventude, e ouviu as histórias do velho Olegário, avô de Tibiti, que lá esteve preso por ter assassinado seu genro Michel.

Dia 20 de agosto - 19h
Exibições em 35mm - 
Curtas


A deslumbrante Lumbra 


Lenda do Pai Inácio (Brasil, 1987)
Direção: Pola Ribeiro
Duração: 38 minutos
Elenco: Kal Santos, Meran Vargens, Rui Funch, Tote Rocha e Moisés Augusto
Classificação: 14 anos
Sinopse - Em meados do século XIX na região da Chapada Diamantina, um escravo foge para escapar da fúria de seu Senhor. Inácio, que tem uma paixão proibida com a Senhora, sobe o morro, que tem hoje o seu nome e pula de 200 metros, apenas com a sombrinha, lembrança de seu amor.

Oropa, Luanda e Bahia (Brasil, 1983)
Direção: Fernando Bélens
Duração: 10 minutos
Classificação: 14 anos
Sinopse - A vinda dos negros como escravos para a Bahia no século 16. Relembra a progressiva conscientização dos negros e mestiços sobre as condições de jugo, as tomadas de posição e as sucessivas revoltas contra a dominação, através dos séculos.

Dia 27 de agosto - 19h

Pau Brasil (Brasil, 2009) Direção: Fernando Bélens
Duração: 98 minutos
Elenco: Bertrand Duarte, Oswaldo Mil, Fernanda Paquelet, Arany Santana, Fernanda Belling e 
Milena Flick
Classificação: 14 anos
Sinopse - Num pequeno e perdido povoado no coração do Brasil, as famílias de Joaquim e Nives moram lado a lado. Apesar de conviverem com a mesma estrutura perversa de opressão social, lidam com a vida de modo radicalmente diferente. A intolerância com o outro e a pobreza são os ingredientes desse drama trágico.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Agnès Varda em 35mm na Sala Walter da Silveira



Através de uma parceria com a Embaixada da França no Rio de Janeiro, a Sala Walter da Silveira apresenta, dentro da Bienal de Arte da Bahia, o Ciclo Agnès Varda. Com entrada franca, a mostra acontece de 25 a 29 de julho e traz longas e curtas da cineasta, sendo que os longas serão exibidos em 35mm!  

Considerada a "mãe da Nouvelle Vague", a cineasta belga radicada na França, Agnès Varda, tem em sua filmografia importantes obras de cunho político e com relevantes discussões acerca do feminismo. Com trabalhos que passeiam entre o ficcional e o documentário, seu filmes primam pela apresentação de personagens fortes e inesquecíveis. Com uma auto-descrição de seu trabalho como cinécriture (algo como escrever em película), Varda traz em suas criações um equilíbrio entre audaciosas ficções e auto-documentários reveladores e sem vaidades. Uma cineasta que se entrega às suas obras sem nenhuma insegurança. 

Confira abaixo a programação! 


Ciclo Agnès Varda

Dia 25/07
19h

Cléo das 5 às 7 (Cléo de 5 à 7, 1962) PROJEÇÃO EM 35mm.
Direção: Agnès Varda
Duração: 90 minutos
Elenco: Corinne Marchand, Antoine Bourseiller e Dominique Davray.
Classificação: 12 anos
Sinopse - Cléo, uma bela cantora, espera o resultado de seus exames médicos. Da superstição ao medo, da frivolidade à angustia, de sua casa ao Parque Montsouris, Cléo vive 90 minutos únicos.

Dia 26/07
17h



Uma canta, a outra não (L'une Chante, L'autre Pas, França 1976) PROJEÇÃO EM 35mm.
Direção: Agnès Varda.
Elenco:  Ali Raffi, Francis Lemaire, François Wertheimer, Jean-Pierre Pellegrin e Robert Dadies.
Duração: 120 minutos.
Classificação: 14 anos 
Sinopse - Duas jovens vivem em Paris em 1962: Pauline, 17 anos, é estudante e sonha em largar sua família para virar cantora. Suzanne, 22 anos, ocupa-se de seus dois filhos. Elas se separam e, cada uma de sua parte, continuam sua batalha diária. Elas se reencontram dez anos depois, numa manifestação. Suzanne trabalha num escritório de planejamento familiar e Pauline tornou-se cantora. O destino irá uni-las novamente mais tarde, em 1976, quando elas já terão experimentado a frase de Simone de Beauvoir que conclui os créditos do filme: “Mulher não se nasce, torna-se.”


Dia 26/07
19h
Programa de Curtas 1


Oh, Estações! Oh, Castelos! (Ô saisons Ô chateaux!, França, 1957)
Direção: Agnès Varda.
Duração: 22 minutos.
Classificação Livre
Sinopse - Passeio pelos castelos do vale do Loire, apresentados em ordem cronológica (de construção), com comentários incluindo poemas do século XVI e reflexões de seus jardineiros. 


Prazer Amoroso no Irã (Plaisir D'Amour en Iran, França, 1976).
Direção: Agnès Varda.
Elenco: Ali Raffi, Thérèse Liotard e Valerie Mairesse.
Duração: 6 minutos
Classificação Livre
Sinopse - Como falar de amor levando o olhar em direção às mesquitas, ou falar de arquitetura no buraco do travesseiro? Este curta-metragem é uma variação sobre as reviravoltas amorosas de Pomme e Ali Darius. Mas pode ser também o delírio de qualquer casal apaixonado, em lugares tão perfeitos quanto a Mesquita do Rei, em Ispahan, ponto de convergência entre arte sacra e arte profana. Curta-metragem produzido como complemento ao longa “Uma canta, a outra não”.


Do Lado da Riviera (Du Côté de la Côte,França, 1958)
Direção: Agnès Varda. 
Duração:  24 minutos.
Censura Livre
Sinopse - Visita turística e documentária ao longo da Riviera Francesa, enfatizando o exotismo, as cores do turismo, do carnaval e do paraíso: com uma ilha e guarda-sóis que se fecham no final, ao som de uma bela canção de Delerue


Tio Yanco (Oncle Yanco , França, 1967)
Direção: Agnès Varda.
Duração: 22 minutos.
Classificação Livre
Sinopse - “É um retrato-reportagem do pintor Jean Varda, meu tio. Na periferia aquática de São Francisco, centro intelectual e coração da boêmia, ele navega com velas latinas e pinta cidades celestes e bizantinas, pois é grego. No entanto, ele é muito ligado ao movimento jovem americano, e recebe hippies na sua casa-barco. Sobre como eu descobri o ‘meu tio da América’ e o quão maravilhoso ele é, é o que mostra este curta-metragem em cores.” (Agnès Varda).


Os Panteras Negras (Black Panthers, França, 1968)
Direção: Agnès Varda.
Duração: 28 minutos.
Classificação Livre
Sinopse - No verão de 68, os Panteras Negras, de Oakland (Califórnia), organizaram vários debates de conscientização em torno do processo de um de seus líderes, Huey Newton. Eles queriam – e conseguiram – chamar a atenção dos americanos e mobilizar as consciências negras, durante esse processo político. Neste sentido, deve-se realmente datar este documento: 1968.


Resposta de Mulheres (Réponse de Femmes, França, 1975)
Direção: Agnès Varda.
Duração: 8 minutos.
Classificação Livre
Sinopse-  “A pergunta ‘O que é ser uma mulher?’ foi proposta pelo segundo canal de televisão francês a várias mulheres cineastas. Este cine-panfleto é uma das respostas possíveis, no que diz respeito ao corpo das mulheres – nosso corpo –, do qual se fala tão pouco quando se fala da condição feminina. Nosso corpo-objeto, nosso corpo-tabu, nosso corpo com ou sem seus filhos, nosso sexo, etc. Como viver nosso corpo? Nosso sexo, como vivê-lo?” (Agnès Varda).

Dia 27/07
17h


Os catadores e eu (Les Glaneurs et la Glaneuse, França, 2000)  PROJEÇÃO EM 35mm.
Direção: Agnès Varda. 
Elenco: Agnès Varda, Bodan Litnanski e François Wertheimer
Duração: 82 minutos. 
Classificação: 14 anos
Sinopse - Por toda a França, Agnès Varda encontra catadores e catadoras, respigadores e recuperadores. Por necessidade, acaso ou escolha, eles entram em contato com os restos dos outros. A partir de um célebre quadro de Millet, o filme de Varda é um olhar sobre a persistência na sociedade contemporânea dos respigadores, aqueles que vivem da recuperação de coisas (detritos, sobras) que os outros não querem ou deixam para trás. A catadora, nesse sentido, é a própria Agnès Varda, que experimentando pela primeira vez uma pequena câmara digital, se quer assumir como uma “recuperadora” das imagens que os outros não querem ver nem fazer, e que portanto deixam para trás (“le filmage est aussi glanage”). Um filme lúcido e livre, mediado pelas “mãos que envelhecem” da própria cineasta.


Dia 28/07
19h

                                                 Programa de Curtas 2




Ydessa, Ursos e Etc... (Ydessa, lês ours et etc..., França, 2004)
Direção: Agnès Varda.
Duração: 43 minutos
Classificação Livre
Sinopse -  A exposição “Os Vivos, os Ursos e Etc.”, da artista plástica Ydessa Hendeles, impressionou de tal maneira a cineasta belga Agnès Varda, que ela viajou a Toronto especialmente para entrevistar Ydessa, filha de sobreviventes do Holocausto e dona de uma curiosa coleção de fotos


Ulisses (Ulysse, França, 1982)
Direção: Agnès Varda.
Duração: 21 minutos
Classificação Livre
Sinopse - De frente para o mar, uma cabra, uma criança e um homem. Trata-se de uma fotografia feita por Agnès Varda, em 1954: a cabra estava morta, a criança se chamava Ulisses e o homem estava nu. A partir desta imagem fixa, o filme explora o que poderia existir entre o imaginário e o real. Flertando com a memória, pode-se deparar com ossos.


Saudações, cubanos! (Salut les cubains, França, 1962)
Direção: Agnès Varda.
Duração: 28 minutos
Classificação Livre
Sinopse - Agnès Varda traz de Cuba mil e oitocentas fotos em preto e branco, e faz com elas um documentário didático e divertido. Fidel e os músicos, socialismo e chá-chá-chá. 
Pomba de Prata no Festival de Leipzig
Medalha de Bronze na 15a Mostra Internacional do Filme Documentário de Veneza 1964


Um minuto para uma imagem (Une minute pour une image, França, 1983)
Direção: Agnès Varda.
Duração: 19 minutos
Classificação Livre
Sinopse-  Minissérie de 170 mini-filmes. Um comentário de um minuto em cada fotografia, com voz anônima. Só ao final descobrimos os nomes dos fotógrafos, anônimos ou famosos, e os nomes dos comentaristas. Neste DVD, em que Agnès comenta sobre seus curtas, foram eleitos 14 entre os 170 programas. "Um minuto para uma imagem", como ela mesma comenta.

Dia 29/07
19h

Programa de curtas 3


As Tais Cariátides (Les Dites Cariatides (França, 1984).
Direção: Agnès Varda.
Duração: 13 minutos.
Classificação Livre
Sinopse - De frente para o mar, uma cabra, uma criança e um homem. Trata-se de uma fotografia feita por Agnès Varda, em 1954: a cabra estava morta, a criança se chamava Ulisses e o homem estava nu. A partir desta imagem fixa, o filme explora o que poderia existir entre o imaginário e o real. Flertando com a memória, pode-se deparar com ossos.



A Ópera-Mouffe (L'Opéra- Mouffe (França, 1958).
Direção: Agnès Varda
Duração: 16 minutos
Classificação Livre
Sinopse: A Ópera-Mouffe é o bloco de notas de uma mulher grávida, no contexto de um documentário sobre o bairro da rua Mouffetard, em Paris, apelidada “la Mouffe”. É um documentário subjetivo, com fotografia de Sacha Vierny e música de Georges Delerue.


Elsa, a rosa (Elsa la Rose (França, 1965).
Direção: Agnès Varda
Duração: 20 minutos
Classificação Livre
Sinopse: Imagens e poemas em torno de um célebre casal: Louis Aragon e Elsa Triolet. A juventude de Elsa é contada por Aragon e comentada por Elsa.


O Leão Volátil (Le Lion Volatil,França, 2003)
Direção: Agnès Varda.
Elenco: David Deciron, Grasser-Hermé, Julie Depardieu e Valérie Donzelli.
Duração: 12 minutos.
Classificação Livre
Sinopse - Curta aventura em torno de uma estátua de leão entre Clarisse, aprendiz de vidente, e Lazare, funcionário das Catacumbas de Paris.
Prêmio do Público de Melhor Curta-metragem no Festival de Films de Femmes de Créteil 2004
Seleção oficial dos Festivais de Veneza, Chicago, Viena 2003 e de Berlim 2004


Você tem belas escadarias, sabia? (T’as de beaux escaliers, tu sais, França, 1986)
Direção: Agnès Varda.
Duração: 3 minutos
Classificação Livre
Sinopse: Como, em 150 segundos, prestar homenagem à Cinemateca Francesa, na ocasião de seu cinqüentenário, de outra forma que não seja filmando os quase 50 degraus que, subindo, levam ao Museu do Cinema e, descendo, à sala escura onde são projetadas obras-primas com célebres escadarias?


Os Amantes da Ponte Mac Donald (Les Fiancés du Pont Mac Donald, França, 1961)
Direção: Agnès Varda.
Duração: 5 minutos.
Classificação Livre
Sinopse - Um jovem vê tudo negro quando põe os óculos escuros. Basta o arrancar para que as coisas se ajeitem...


7 Peças, Cozinha, Banheiro... Imperdível ( 7 P., Cuis., S. de B., ... À Saisir , França, 1984)
Direção: Agnès Varda.
Elenco:Catherine de Barbeyrac, Colette Bonnet, Folco Chevalier, Hervé Mangani, Marthe Jarnias, Michèle Nespoulet e Pierre Esposito.
Duração: 27 minutos.
Classificação Livre

Sinopse -  A visita de um corretor de imóveis a um antigo hospício, agora uma casa abandonada, remete a várias narrativas fragmentadas e ao imaginário surreal de seus antigos ocupantes. Residências, casas vazias ou cheias, o tempo passa e deixa traços bizarros.