quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Mostra Ocupa Walter



Mostra “Ocupa Walter” chama atenção para importância do local 

Três dias de exibições de produções baianas salientam a Sala Walter da Silveira como espaço prioritário 

Por João Paulo Barreto

Começa hoje, e segue até a próxima sexta-feira, sempre às 19h, a Mostra “Ocupa Walter”, que trará um recorte recente da produção baiana de curtas metragens, além de exibir o longa Gente Bonita, de Leon Sampaio, que aborda o processo de camarotização do Carnaval, uma experiência VIP repleta de violências e relações de poder.


Para um dos curadores do evento, o cineasta Ramon Coutinho, “a proposta da Mostra é apontar a importância histórica da Sala Walter da Silveira a partir dos filmes baianos feitos agora. Por ser uma sala pública, por ser um local que tem uma pauta aberta para os artistas, a ideia é chamar atenção para que se ocupe o espaço de modo consistente. Movimentar o espaço é um modo propositivo e criativo de cobrar novos investimentos”, afirma Ramon.

MOSTRA TEMÁTICA

Organizada pelo Cine Fissura e Coletivo Urgente de Audiovisual – CUAL, a proposta da mostra é fazer valer a importância de um espaço de cinema como a Sala Walter da Silveira que, já há algum tempo, passa por um processo de precarização por parte das políticas públicas de fomento do audiovisual. Localizada no subsolo da Biblioteca Pública dos Barris, a Sala Walter da Silveira, que homenageia em seu nome o crítico e cineclubista baiano, funciona no local desde 1986, e formou gerações de cinéfilos em Salvador.

Dividida em três dias, a Mostra “Ocupa Walter” começa hoje fazendo um apanhado da produção recente do CUAL, segue para o segundo dia, quinta-feira, com o tema “Ancestralidade e devir negro” e encerra na sexta-feira com a exibição do longa Gente Bonita. Ramon explica que a proposta da seleção do segundo dia da mostra foi dar visibilidade às relações ancestrais e aos dramas cotidianos da população negra atualmente. “O filme de Vinicius Elizário, Sarau da Onça, por exemplo, traz uma ideia que casa bem com o Ocupa Walter, pois aborda uma proposta de dinamizar espaços coletivos voltados para arte”, explica o curador. Além do curta de Elizário, Um Ensaio sobre a Ausência, de Davi Aynan, e Náufraga, de Juh Almeida, serão exibidos junto com o ainda inédito em Salvador, Maré, da cineasta Amaranta César, que foi premiado no Olhar de Cinema de Curitiba, em 2018. Todas as sessões na Sala Walter têm entrada franca.

FIM DO CUAL

A Mostra também simboliza o fim das atividades do CUAL como coletivo. Depois de mais de oito anos produzindo filmes, mostras e oficinas, o grupo pretende ampliar a proposta política de cinema coletivo, atuando juntos e separados com outros formatos e possibilidades de audiovisual. “A ideia é desfazermos o nome, uma vez que, já há dois anos, esse formato parece não se encaixar nos processos de vida de cada integrante. Por isso, entendemos que seria melhor encerrar as atividades com o selo CUAL pra continuar trabalhando de forma mais livre. Um dos projetos é o Cine Fissura e as séries 'Gelo na Chapa' e 'Eu empresa', em fase de pré-produção”, finaliza Ramon.

*Texto originalmente publicado no Jornal A Tarde, dia 20/02/2019



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