Bem-vindo de volta,
FECIBA!
AUDIOVISUAL Após hiato de cinco anos, Festival de Cinema Baiano retorna em sua
sétima edição celebrando, com 50 filmes entre longas, médias e curtas,
a
produção do estado na última meia década
Por João Paulo Barreto
Inteiramente gratuita e on line, começa amanhã, e segue até o dia 26 de março, a sétima edição do Festival de Cinema Baiano (FECIBA). Mas hoje, domingo, às 18h30, já tem a abertura oficial no youtube.com/feciba, com show da cantora e compositora Eloah Monteiro. O evento, que retorna depois de cinco anos sem acontecer, traz em sua sétima edição um importante revisitar de parte da filmografia baiana realizada nesse período. Com dez longas, dez médias e trinta curtas-metragens na grade de filmes selecionados, o festival idealizado pelos cineastas Edson Bastos e Henrique Filho se reinventou. Para Edson, o período sem acontecer, além da necessidade de uma adaptação por conta da pandemia, serviu como uma forma de formatar o festival.
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O produtor-executivo Edson Bastos |
ATIVIDADES E SELEÇÃO
Dentre os destaques de longas-metragens, Diários de Classe, de Maria Carolina Silva e Igor Souza, filme de 2017, ainda impacta bastante sua audiência na reflexão oriunda do acompanhar de três mulheres em seus processo de alfabetização já na fase adulta; Àkàrà - No Fogo da Intolerância, urgente documentário de lançado em 2020, traz em seu cerne a denúncia dos crimes de perseguição e intolerância contra religiões de matriz africana em um Brasil, infelizmente, neopentecostal, refém politicamente de igrejas, e racista. No resgate da memória de Caymmi, Dorivando Sarará - O Preto que Virou Mar, de Henrique Dantas, é um importante registro da trajetória desse músico que cantou não só a Bahia, como, também, seus credos, amores e as raízes africanas.
Dela, curta dirigido por Bernard Attal |
Na seleção de médias e curtas metragens, Entre o Céu e o Subsolo, média de 2019 dirigido por Felipe da Silva Borges, relata o peso esmagador da especulação imobiliária no bairro da Vitória, metro quadrado mais caro de Salvador, e local onde o extinto Colégio Estadual Odorico Tavares sofreu por anos as ameaças de fechamento para cessão do seu terreno. O média, hoje, funciona como um epitáfio simbólico para o valor dado à educação pública de qualidade. Nos curtas, destacam-se três produções recentes. Rebento, curta dirigido por Vinicius Eliziário, que traz o encarar precoce das responsabilidade da vida adulta a partir de uma paternidade inesperada, bem como uma análise da ausência desse afeto paterno na vida de um jovem; 5 Fitas, trabalho dirigido por Vilma Martins e Heraldo de Deus, que trazem um olhar sobre a tradição da Lavagem do Bonfim a partir de um foco infantil em encontro às origens do cortejo pela experiência matriarcal;, e Dela, curta de 2018 dirigido por Bernard Attal, que, além de uma singela homenagem a Nelson Mandela, é uma tenra, porém direta, reflexão sobre a autoestima infantil e a identificação com ideais definidores de caráter.
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Rebento, curta Vinicius Eliziário |
Nas atividades, com variado leque de oficinas e debates, o sétimo FECIBA, evento realizado em conjunto pela Voo Audiovisual e pelo Núproart - Núcleo de Produções Artísticas, com o suporte financeiro da Lei Aldir Blanc, trará a presença do veterano diretor Orlando Senna em uma oficina de Roteiro; a produtora Solange Lima ministrará oficina voltada para Desenho de Produção; a cineasta Cecília Amado ministrará a oficina Direção e as Sete Artes do Cinema; e fechando o ciclo de oficinas, o ator, roteirista e diretor, Thiago Almasy, participa com Produção Audiovisual para a Internet.
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5 Fitas, curta de Vilma Martins e Heraldo de Deus |
FUTURO
O produtor executivo Henrique Filho pontua o quanto
esses encontros presenciais em debates e oficinas eram importantes para o
FECIBA nas suas seis edições anteriores. Além disso, o cineasta observa,
também, a edição virtual como uma oportunidade de reinvenção, mas, ainda,
esperançoso para futuras edições presenciais. "Com o contexto da pandemia
e a possibilidade dos eventos online, se tornou uma oportunidade muito boa para
o FECIBA de fazer uma retomada em um formato diferente. Acho que o nosso desejo
para o futuro vai muito na perspectiva de voltar à essência do festival. As
mostras que a gente executava antes e que não conseguimos realizar agora, e que
é muito a cerne, a cara do FECIBA. E principalmente o fato de ser
(anteriormente) um evento presencial. Ter se tornado um ponto de encontro de
cineastas e realizadores para trocar ideias, fazer contatos, network, para ter
contato com o público. Isso é um desejo que se potencializa agora nesse momento",
explica Henrique.
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O produtor-executivo Henrique Filho |
Como parte já tradicional do calendário cultural da
cidade de Ilhéus, onde o festival acontecia antes de seu hiato de cinco anos, o
FECIBA cumpria um papel importante no fomentar e propagar da produção baiana.
Sobre voltar a essa posição nos próximos anos sem pandemia, Henrique é esperançoso.
"Não temos muito como prever politicamente os próximos acontecimentos, por
que estamos vivendo uma novela louquíssima, com vários acontecimentos que estão
mudando os rumos. Não sabemos o que vai acontecer ainda em relação à pandemia,
à vacina, aos eventos presenciais, e como ficará a história do FECIBA com isso
daí. Mas essa edição, visualizando esses 50 filmes que estão representando
esses últimos cinco anos sem o FECIBA, já traz na gente todo o desejo de voltar
a fazer o evento presencialmente. E de voltar a ser calendário de Ilhéus",
finaliza Henrique.
De qualquer modo, bem-vindo de volta, caro Feciba. Fez falta!
*Texto originalmente publicado no Jornal A Tarde, dia 14/03/2021
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