domingo, 27 de fevereiro de 2011

Cerejeiras em Flor

Cerejeiras em Flor (Kirschblüten – Hanami, Alemanha, 2008) Direção: Doris Dörrie. Com Elmar Wepper, Hannelore Elsner, Aya Irizuki, Maximilian Brückner, Birgit Minichmayr, Felix Eitner.



Cerejeiras em Flor se apresenta como um contundente retrato do quão efêmero pode ser um relacionamento. Mesmo aqueles de longa data, nos quais óbvias almas gêmeas se vêem perdidas sem a presença do outro e os filhos já crescidos tornam perceptível a longevidade daquela relação.

Refilmagem alemã de Era uma vez em Tóquio, filme de 1953, a versão da diretora alemã Doris Dörrie conta, inicialmente, a história de Rudi e Trudi Angermeier, um casal inter-racial (ele é alemão, ela de origens orientais) pais de três filhos que, adultos, já deixaram a casa e a responsabilidade deles. Rudi (Wepper) é um funcionário obstinado do setor de reciclagem de material descartável. Obstinado no sentido de manter a própria rotina de modo linear, sem que nada possa alterá-la, ele pega o mesmo trem diariamente e come, sempre às 13 horas, o sanduíche preparado por Trudi (Elsner), que sempre acompanha uma maçã. O bordão de Rudy é “An apple a day, keeps the doctor away” (algo como “uma maçã ao dia, a visita ao médico adia”). O curioso é que não o vemos degustar a fruta em momento nenhum do filme. Trudi vive seu dia-a-dia em detrimento ao conforto do esposo. Quando jovem, se interessava por balé, mas abriu mão de suas ambições artísticas pela vida em família. É triste observar seu olhar melancólico ao ver estudantes de dança se dedicar àquela arte. 

Diagnosticado com uma doença degenerativa, Rudi tem o seu laudo médico escondido por Trudi, que não sabe como dizer ao seu marido que este morrerá em breve. Como ela mesma afirma, não há nada que ela queira presenciar sem ele. Até mesmo seu sonho de ver o Monte Fuji, no Japão, está atrelado à condição de estar junto ao seu amado. Sozinha, seria como se ela não estivesse lá. O modo como Trudi se dedica ao seu marido é tocante. Abdicando de seus sonhos pela vontade de agradar Rudi, ela se deixa convencer do argumento egoísta, mas não intencional, dele de que o Fuji é apenas mais uma montanha e que não valeria a pena dispensar todo aquele dinheiro em uma viagem ao Japão para visitar Karl, o filho que vive em Tóquio. Para o pai, seria mais barato se Karl viesse até eles. “Talvez no próximo ano, quando eu me aposentar”, afirma Rudi sobre a possibilidade ir até o Japão. As lágrimas de tristeza de Trudi molham o lenço que esta passa a ferro antes de colocar na perfeitamente arrumada bagagem de Rudi, em uma rima visual que encontrará seu par no terceiro ato, quando veremos a mala arrumada pelo próprio dono e não por sua amada.
Trudi e Rudi: amor dependente e submisso à vontade do outro

Uma viagem para Berlim, onde vivem dois dos filhos, é planejada pela esposa sem que Rudi desconfie de seu caráter de despedida. Ocupados em suas próprias vidas, os filhos Klaus e Karolin não sabem como entreter os pais na temporada que estes passam com eles e acabam por deixar transparecer aquela insatisfação. A casa onde vive Klaus, sua esposa e o casal de filhos pequenos parece receptiva, apesar de pequena, afinal, o casal de meia idade precisa ocupar o quarto dos netos. Nesta chegada a casa de Klaus, percebe-se um contraste com a residência dos seus pais. Um ambiente mais doméstico é apresentado, com mais cores e vida em relação ao lugar onde mora o casal. Um tapete vermelho chama a atenção e a imagem de crianças se divertindo com jogos eletrônicos contrasta com o silêncio da casa que vimos no começo da projeção.

O quarto das crianças merece uma atenção especial: as paredes pintadas de bege não representam a alegria que um quarto infantil deveria transmitir. De forma sutil, a direção de arte demonstra uma tentativa dos pais para captar um ambiente habitado por crianças ao pendurar desenhos feitos por elas nas paredes. Mas o verdadeiro ambiente daquele lar está ali, fixado naquele quarto. É um lugar frio e sem cor, percebido também pelo modo como as crianças recebem os avós. Não há aquela festa característica de netos ao rever aqueles que representam doces, carinhos e dengos. Há apenas um sorriso e a atenção retorna aos jogos eletrônicos. Utilizando outro modo de demonstrar o apego que qualquer avó tem para com os netos, há uma cena tocante onde vemos a garotinha massageando as costas do avô. Ao terminar, Trudi dá algumas moedas para a neta e a abraça de forma tenra. É o máximo de intimidade que ela consegue com os netos que tanto deve amar. Sobre os filhos, Trudi afirma: “Eu consigo me lembrar perfeitamente deles quando eram crianças. Agora eu já não sei quem são”. Pragmático, Rudi replica dizendo que eles estão bem. Estão com saúde. Que ela não deve esperar mais do que isso. [Um perfeito sinal da personalidade racional do marido em contraste ao emocional da esposa.]

Rudi e o filho Karl: relação interrompida pela distância 
A relação dos dois com os filhos não é muito diferente da ausência perceptível dos netos, que ainda não têm a consciência da importância daquele parentesco. Diferente dos filhos, Karolin e Klaus, que se vêem sem saber como agradá-los apenas por vaidade. Karolin pede que sua namorada, Franzi, leve sua mãe em um passeio turístico por Berlim, num ato de pura falta de compromisso. Ao se despedir dos pais, ela chora ao perceber que poderia ter feito mais, mas foi impedida por algum sentimento de negação para com as próprias raízes.

(A partir deste momento, abordarei aspectos da história que podem causar surpresa para aqueles que ainda não assistiram ao filme).

A cena em que Trudi presencia e se emociona com uma apresentação do Balé Butoh, enquanto Rudi, avesso a representações artísticas, a aguarda do lado de fora do teatro, demonstra bem a relação de ambos e a forma como os acontecimentos futuros transformará os dois de forma irremediável. A ida para o litoral do Mar Báltico, após aquela desastrosa visita aos filhos em Berlim, perece ser mais proveitosa do que o tour pela capital alemã. A tranqüilidade do mar leva Rudi e Trudi à calma que a terceira idade representa. Cativada pela beleza do balé, Trudi convida seu esposo para uma dança onde encena junto a ele os passos que o bailarino fez no tablado e o faz esquecer-se do quão ausentes seus filhos demonstraram ser. A emoção da seqüência é arrepiante. Visivelmente abalada pela possibilidade de perder o marido em breve, Trudi demonstra-se emotiva e ofegante ao beijá-lo. Em mais uma rima visual, perceberemos o significado daquela dança para a relação entre ambos em outro momento chave da película. Observando o mar, Rudi comenta que gostaria de ter suas cinzas atiradas nele quando morresse. Assustada, a esposa pergunta o que o leva a pensar isso naquele momento. E a questão nos faz lembrar a real intenção daquela viagem.  

Cumplicidade: Trudi divide seu calor com o marido
Talvez por já estarmos nos acostumando àquela paz que a relação do dois emana, sintamos um choque ao perceber a morte de Trudi e o grito de dor do seu marido ao acordar e perceber que a esposa partiu enquanto dormia. Na última tarde juntos, eles voltaram a conversar sobre a relação com os filhos e, em uma referência que saberemos em breve sobre o balé Butoh, a diretora Dörrie filma as sombras dos dois na areia da praia. Em um gesto de puro afeto, Trudi divide o calor de seu agasalho da forma que pode, para mantê-lo também aquecido. E, como numa despedida, dança os passos do Butoh com um desengonçado Rudi.

A dor da perda é representada de modo sutil pelo filme. Apesar de obviamente abalado pela morte de sua esposa, Rudi demonstra sua tristeza de forma calma, sem desespero. Um retrato do modo como sua relação com Trudi foi calcada. É perceptível a desesperança que o homem sente ao saber que nunca vai poder demonstrar o amor que sentia pela mulher com quem compartilhou uma vida. A atuação de Elmar Wepper é magnífica. No seu olhar, nota-se uma incógnita sobre como serão os seus dias daqui pra frente. Ele observa o mar sem ondas, tão incomum, que reflete justamente o modo pacifico como Trudi morreu. À mesa com os filhos, observamos quadros com mares revoltos que fazem referência justamente ao ambiente desconfortável onde os órfãos agora se reúnem para honrar a morte da mãe.

A exuberância do Fuji e as cerejeiras em flor
Sem a presença da esposa, Rudi perde o próprio rumo. Solitário em seu próprio lar, passa por constrangimento pela ausência dos filhos à cerimônia e se vê perguntando pela esposa para as paredes da casa onde dorme ao lado do vestido da falecida.  Decidido a viver sozinho os sonhos de viagem que ela teve, segue para o Japão no intuito de contemplar o tão sonhado Monte Fuji e as cerejeiras em flor que a estação do ano propicia.

A partir deste ponto, o filme remete em certo ponto a Encontros e Desencontros, de Sofia Coppola. Em uma cidade onde nenhuma palavra ou direção parece indicar Rudi o caminho a seguir, a displicência do filho Karl a, também, não dar a atenção que o pai merece como hospede, leva-o a vagar por uma Tóquio caótica. De forma elegante, sem nos fazer esquecer a carga de tristeza que aquele drama traz, o roteiro insere algumas cenas onde percebe-se como pode haver graça na situação do protagonista ao em Tóquio. Em um momento ele experimenta usar uma placa pendurada ao peito com as indicações de quem ele é e como pode-se contatar alguém responsável por ele; em outro, é abordado por um jovem local que oferece “abraços de graça”.

Rudi e suas instruções de identificação
Metódico como sempre, Rudi aplica seus conceitos de trabalho na casa do filho, ao separar o lixo para reciclagem e ao amarrar um lenço em um ponto comum da metrópole com a intenção de poder achar a rota de volta para o apartamento. Em seus passeios e caminhos perdidos pela cidade e por entre as cerejeiras em flor, ele conhece Yu (Irizuki)), uma dançarina do balé Butoh que se apresenta ao ar livre. Ela lhe explica os significados da dança e lhe traz novos conceitos sobre aquilo que Trudi sempre tentou fazê-lo crer a respeito da arte. Mas a tristeza pela morte dela ainda pesa em sua mente. Tanto que ele usa as roupas que pertenceram a ela nos locais que visita, na ilusão de que Trudi também possa apreciar a viagem que sempre sonhara.

A relação entre Rudi e Yu se estreita. Uma genuína amizade que somente pessoas que passaram por dores semelhantes surge. Ela, mesmo já tendo superado, diz que dança para a mãe que perdeu. Ela baila enquanto segura um telefone numa clara referencia à forma de comunicação que a arte pode apresentar entre os homens. Ele simboliza justamente essa comunicação que a jovem nunca teve com a mãe e isso, claro, cria uma paridade com a relação entre o viúvo e sua amada. “Minha mulher sempre foi como uma fera presa em uma gaiola”, afirma Rudi. “A minha mãe era como um pato a mergulhar no rio em seus altos e baixos. Uma hora triste, outra hora feliz”, replica Yu. Nada mais contundente.

Yu: sabedoria e orientação para um viúvo perdido
Nas visitas diárias aos locais onde Yu se apresenta, uma cumplicidade cada vez maior se cria entre o senhor e a jovem. Ela lhe explica os conceitos do Butoh e sua relação como as sombras, as mesmas sobre as quais tivemos um vislumbre no começo do filme. Mesmo conversando em inglês, a japonesa e o alemão têm certa dificuldade para expressar certos pensamentos. Mas a simplicidade que a empatia entre os dois emana é suficiente para que, através de simbolismos, seja possível compreender cada idéia. Como, por exemplo, no momento em que ela compara a relação entre Rudi e sua esposa com a refeição feita com repolho e ilustra o que quer dizer se enrolando no plástico onde está sentada.

Yu ensina a Rudi o balé das sombras

Apesar da saúde deteriorada, o que percebemos nas recorrentes cenas onde vemos Rudi tomando seus remédios, ele se esforça em ir ao sonhado Fuji. E não é de se surpreender que Yu o acompanhe na viagem. A vista da montanha é embriagante. Após dias de espera para que a nevoa que cobre o monte se dissipe, numa referencia perfeita feita por Yu a uma possível timidez do monumento natural, Rudi pôde vislumbrar toda a beleza que Trudi sonhou em contemplar. Em uma cena coreografada de forma emocionante, percebemos que o amargurado senhor pôde finalmente alcançar a paz ao apresentar o local a sua querida mulher. Sim, ela se faz presente àquele momento. Seu balé se fez presente do mesmo modo. E mesmo que os três filhos, tão atarefados com os próprios umbigos, não percebam como fizeram falta para os pais e custem a entender as circunstancias de tudo aquilo que seu velho viveu, para Rudi não faz mais diferença. A pessoa que ele tanto amou voltou para seus braços. E, nesse intento, ele encontrou em uma estranha a figura de uma filha que nenhum dos três consangüíneos conseguiu cumprir.
     Sim, triste. Mas, ao mesmo tempo, maravilhoso..  








quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Lixo Extraordinário

(Waste Land, Inglaterra, Brasil, 2010) Direção: Lucy Walker. Com Vik Muniz. Documentário.



Tião é catador de material reciclável. Como ele mesmo frisa, “lixo é aquilo que a gente descarta e que não tem mais utilidade alguma”. Fundou uma associação voltada para os catadores que visa uma melhoria para a vida daquela categoria. Isis perdeu seu filho para uma pneumonia aguda e afirma ter perdido o rumo de sua vida após esse fato trágico. Ela também vive do lucro alcançado catando material reciclável no maior aterro sanitário do mundo, o de Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro. Zumbi perdeu pai e mãe bem jovem. Começou a viver do que conseguia no aterro a partir dos nove anos de idade, quando passou a acompanhar a mãe na peregrinação diária no local. Zumbi sofreu um acidente de trabalho ao ser esmagado por um carregamento de lixo que um caminhão de coleta despejou no local. Não morreu por muito pouco, já que quebrou perna, braço, costela e precisou de várias transfusões de sangue. Sangue doado pelos próprios colegas de trabalho no aterro. Hoje, ele até brinca que o estoque de sangue do hospital ficou bem abastecido por causa dele. Irmã costumava ser “cozinheira de forno e fogão”, como ela mesma gosta de dizer. Hoje, alimenta as bocas famintas do aterro com tudo que o lixo pode trazer e que ela possa cozinhar. Enquanto mexe na panela um apetitoso ensopado, brinca que de vez em quando aparecem “umas carnes bonitas por lá” e que aproveita pra fazer um assado para o pessoal. É esse tipo de comportamento que move Lixo Extraordinário, filme da cineasta Lucy Walker e co-dirigido pelo brasileiro João Jardim. Essa solidariedade e união que aquelas pessoas demonstram entre si acabam por ser o maior foco deste contundente e eficaz documentário que, de inicio, para mim, pareceu servir como uma vitrine individual para o trabalho do competente artista plástico brasileiro, Vik Muniz, mas que, ao final de seus breves 90 minutos, demonstra-se como uma genuína vontade de transformar a vida daqueles indivíduos.



Isis (d): sorriso esconde uma realidade traumática e sofrida


Famoso por criar peças artísticas a partir de materiais descartáveis e alimentos (uma de suas mais famosas obras é uma reprodução da Mona Lisa de Da Vinci feita com geléia), Muniz inicia o documentário explicando sua intenção de passar três anos trabalhando com as pessoas que vivem no aterro de Jardim Gramacho para poder reproduzir imagens fotografadas por ele em tamanhos ampliados. O detalhe é que as imagens das pessoas serão recriadas a partir do lixo encontrado no local. Uma proposta que, ao ser explicada aos trabalhadores de Gramacho, causa estranhamento, mas que cativa a todos, uma vez que, com os depoimentos de vida de cada um, percebemos que qualquer mudança de horizonte daquele mundo cercado por urubus e doenças será bem vinda. O trabalho de Muniz acaba ficando em segundo plano perante a extraordinária história de vida daquelas pessoas. Com os depoimentos captados pela câmera de Walker, percebemos o deslumbramento de Tião ao descobrir um mundo que ele não conhecia ao achar exemplares de Nietzsche e Maquiavel no lixo e ter o cuidado de levá-los para casa e colocá-los para secar atrás da geladeira. É esse comportamento e vontade de mudar que impele Tião a criar a Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Jardim Gramacho (ACAMJG), organização que conseguiu trazer saneamento básico para o local e que contribui para um melhor desempenho dos trabalhadores da região.



Tião posa como Marat na imagem que o definirá

O foco do filme divide-se entre a história de vida daquelas pessoas fascinantes e o desenvolvimento das belas peças de Muniz. Com a execução das obras sendo realizada por todos, é tocante observar o orgulho nos olhos dos catadores quando finalmente conseguem se ver nos retratos construídos. Os depoimentos de cada um deles emociona justamente por trazer uma autenticidade ao longa, já que, trajetórias como aquelas, tendem a ser utilizadas de forma gratuita por diretores oportunistas. Não é caso de Walker, que soube mesclar os relatos ao desenvolvimento da narrativa de modo natural e orgânico. Confesso ter sido difícil segurar as lágrimas ao observar Tião em Londres, um mundo que ele nunca sonhara ser possível conhecer, vendo um quadro cujo personagem principal é ele mesmo ser vendido por cem mil reais, quantia que será revertida para o desenvolvimento da organização que ele criara e que havia sido desvalorizada por todos. Um paralelo dessas premonições furadas a respeito do projeto de Tião pode ser feito ao depoimento do próprio Vik Muniz, quando este afirma ter sido taxado como um futuro fracassado pelo pai, quando afirmou querer ser um artista plástico.



Visionário: Vik Muniz observa a matéria prima de sua obra
O filme utiliza artifícios eficazes para demonstrar o desenvolvimento das obras no galpão onde Muniz as executa, como a aceleração da imagem de modo a mostrar como a confecção das peças surge do nada para um resultado perfeito; belas panorâmicas ao sair de planos fechados nos caminhões que chegam ao aterro e são aguardados ansiosamente pelos catadores, e imagens aéreas para contemplar a imensidão absurda daquele lugar. Além disso, as imagens noturnas do lugar utilizam uma fotografia belíssima de Dudu Miranda que colabora para ilustrar o sufocante e inóspito ambiente que, mesmo sem a luz do sol, os catadores precisam enfrentar para retirar o próprio sustento. Tudo isso junto a (mais uma) eficaz trilha sonora de Moby.

É com alegria que observamos, já nos créditos finais, as mudanças que o projeto trouxe para as vidas de Tião, Isis, Irmã, Zumbi e companhia. Às lágrimas, Tião liga para a mãe direto de Londres para dizer o quanto o quadro que ele ajudou a construir trará de beneficio financeiro para todos aqueles que a associação, que um dia julgaram como um plano sem sentido, ajudou e continuará ajudando. Longe da ingenuidade, afinal é fácil perceber todos os interesses capitalistas por trás de qualquer produção cinematográfica, meus sinceros agradecimentos a Vik Muniz por ajudar-me, mesmo sem saber, a recuperar minha fé nas boas ações.