quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Superman

A importância de um personagem 


Ontem, em comemoração aos quarenta anos do lançamento em 1978, o clássico de Richard Donner, Superman, foi exibido pela rede Cinemark. Pude assistir ao filme em sua versão estendida, com diversas cenas que não constavam no seu corte original, como a introdução com referência ao quadrinho Action Comics e a sequência mais longa em Krypton, para citar apenas duas.
Muito além de qualquer discussão voltada para a influência imperialista do personagem, com suas cores ianques e defesa do tal “american way of life”, muito bem ironizado no filme, inclusive, o que quero salientar aqui é a importância que tal personagem tem para mim.

Comecei a ler os quadrinhos do Super em 1994, com a febre gerada pelo fenômeno de vendas A Morte do Super-Homem, saga publicada no Brasil em saudosos formatinhos lançados pela Editora Abril em um total de nove revistas que guardo até hoje na estante. Até aquele momento, meu contato com a arte sequencial se dava exclusivamente com a turma do Mônica. Muita coisa aconteceu a partir daquele gibi, que meu irmão/amigo Biel Serravalle me trouxe (não esqueça! não esqueça! – piada interna).

A obra de Richard Donner e a presença da figura de Christopher Reeve, porém, já faziam parte de meu imaginário desde a infância, nas várias sessões da tarde em que a música de John Williams encantava a mente daquele menino que chegou a ter até um uniforme do azulão e cogitou voar pela janela, mas teve seu plano cancelado por uma mãe atenta. O abrir daquele quadrinho há tanto tempo significou, também, abrir um leque muito maior do que apenas o de uma história de heróis.

Ontem, ao me emocionar com o tema de Krypton e com a clássica inserção da música que John Williams criou de forma tão sublime, lembrei de muitos momentos de minha vida que, de alguma forma, o contato com aquele filme ainda criança me permitiu ter no futuro. Pode parecer saudosista. Ok, que seja. Mas há uma mágica na presença de Christopher Reeve na tela, no seu modo ingênuo e adorável de representar Clark Kent, com aquela postura curvada e voz insegura, que encanta o cinéfilo de modo precioso. Reeve torna possível o fato de que as pessoas não percebem que Clark e o herói são a mesma pessoa.

Revisitar a obra na tela grande, com todo seu impacto visual, me emocionou por vários aspectos. Mas, principalmente, por lembrar de brincadeiras com a mecha do cabelo na testa; por lembrar de uma capa de caderno mosaico, feito a mão, e que guardo com tanto afeto; por lembrar de histórias em quadrinhos que embalaram conversas maravilhosas.

O cinema tem esse poder de causar esse mergulhar em lembranças cujos momentos compartilhados nos marcam e fazem tanta falta.

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