quinta-feira, 14 de agosto de 2014

As Tartarugas Ninja

(Teenage Mutant Ninja Turtles, EUA, 2014) Direção: Jonathan Liebesman. Com Megan Fox, Will Arnett, William Fichter.



Por João Paulo Barreto

Começar um texto sobre um filme com o elogio de que “a obra, por não se levar a sério, acaba por apresentar um bom resultado”, não é a melhor maneira. Isso é fato. No entanto, é preciso levar em consideração essa possibilidade quando se trata da versão século XXI de As Tartarugas Ninja. Todos os pontos positivos do longa de Jonathan Liebesman se baseiam justamente nisso. Explico.

A começar, claro, pela premissa de tartarugas adolescentes mutantes ninjas lutando contra o crime em uma Nova York cujo principal grupo de bandidos é conhecido por Clã do Pé (sim, isso se deve ao fato de que eles pisam nos seus inimigos ¬¬). Esse mesmo grupo se alia a um cientista magnata com o plano de espalhar pela cidade um vírus cujo antídoto somente ele possui e pretende vendê-lo a um preço que o tornará ainda mais rico. E não somente isso: o líder do clã, um ninja cuja armadura reflete as obras recentes do produtor Michael Bay, pretende governar a cidade. Ufa.

Transformer fazendo ponta no filme: produção de Michael Bay

Classificando todos esses “meros detalhes” como motivos para não se levar a sério mesmo, As Tartarugas Ninja até que agrada como comédia. As tiradas das criaturas adolescentes do título são divertidas, principalmente quando centradas na brigas entre os irmãos mutantes e no personagem de Donatelo, com sua paixonite pela repórter April O’Neal (Megan Fox, cuja beleza na tela parece nos fazer esquecer de sua total limitação como atriz).

Como um filme oriundo das histórias em quadrinhos, os enquadramentos utilizados por Liebesman funcionam bem, como na cena que abre o filme ao vermos um breve resumo da trajetória prévia e evolução das tartarugas e de seu mestre, o rato de laboratório Splinter. Do mesmo modo, a transição dessa narrativa estilizada para a imagem da Nova York real, e as sequências de ação com os protagonistas em fuga pelos esgotos enquanto escorregam por túneis usando seus cascos como pranchas ou skates, referenciam de forma empolgante o universo das HQs nas quais se baseiam.

Fox: Tino jornalístico e beleza estonteante  

Com fotografia do brasileiro Lula Carvalho, o filme se equilibra muito bem entre o clima soturno dos esgotos e da noite de Nova York, fazendo jus ao seu material original, bem diferente das primeiras inserções dos personagens no cinema, no começo dos anos 1990. Personagens estes que, dessa vez, assustam em seu realismo e brutalidade física, algo que denota uma fidelidade impar ao material dos quadrinhos, excetuando-se, claro, o aspecto violento excessivo que a versão impressa continha.

Num filme que termina com a música Happy Together, do The Turtles, cantada por uma, hummm, tartaruga, talvez isso nem faça tanta falta, de fato. 

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