(Teenage
Mutant Ninja Turtles, EUA, 2014) Direção: Jonathan Liebesman. Com Megan
Fox, Will Arnett, William Fichter.
Por João Paulo Barreto
Começar um texto sobre um filme
com o elogio de que “a obra, por não se levar a sério, acaba por apresentar um
bom resultado”, não é a melhor maneira. Isso é fato. No entanto, é preciso
levar em consideração essa possibilidade quando se trata da versão século XXI
de As Tartarugas Ninja. Todos os
pontos positivos do longa de Jonathan Liebesman se baseiam justamente nisso. Explico.
A começar, claro, pela premissa
de tartarugas adolescentes mutantes ninjas lutando contra o crime em uma Nova
York cujo principal grupo de bandidos é conhecido por Clã do Pé (sim, isso se
deve ao fato de que eles pisam nos seus inimigos ¬¬). Esse mesmo grupo se alia
a um cientista magnata com o plano de espalhar pela cidade um vírus cujo
antídoto somente ele possui e pretende vendê-lo a um preço que o tornará ainda
mais rico. E não somente isso: o líder do clã, um ninja cuja armadura reflete
as obras recentes do produtor Michael Bay, pretende governar a cidade. Ufa.
Transformer fazendo ponta no filme: produção de Michael Bay |
Classificando todos esses “meros
detalhes” como motivos para não se levar a sério mesmo, As Tartarugas Ninja até que agrada como comédia. As tiradas das criaturas
adolescentes do título são divertidas, principalmente quando centradas na
brigas entre os irmãos mutantes e no personagem de Donatelo, com sua paixonite
pela repórter April O’Neal (Megan Fox, cuja beleza na tela parece nos fazer
esquecer de sua total limitação como atriz).
Como um filme oriundo das
histórias em quadrinhos, os enquadramentos utilizados por Liebesman funcionam
bem, como na cena que abre o filme ao vermos um breve resumo da trajetória
prévia e evolução das tartarugas e de seu mestre, o rato de laboratório
Splinter. Do mesmo modo, a transição dessa narrativa estilizada para a imagem
da Nova York real, e as sequências de ação com os protagonistas em fuga pelos
esgotos enquanto escorregam por túneis usando seus cascos como pranchas ou
skates, referenciam de forma empolgante o universo das HQs nas quais se
baseiam.
Fox: Tino jornalístico e beleza estonteante |
Com fotografia do brasileiro Lula
Carvalho, o filme se equilibra muito bem entre o clima soturno dos esgotos e da
noite de Nova York, fazendo jus ao seu material original, bem diferente das
primeiras inserções dos personagens no cinema, no começo dos anos 1990.
Personagens estes que, dessa vez, assustam em seu realismo e brutalidade
física, algo que denota uma fidelidade impar ao material dos quadrinhos,
excetuando-se, claro, o aspecto violento excessivo que a versão impressa
continha.
Num filme que termina com a
música Happy Together, do The
Turtles, cantada por uma, hummm, tartaruga, talvez isso nem faça tanta falta,
de fato.
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