A importância de um personagem
Ontem, em comemoração aos quarenta anos do lançamento em
1978, o clássico de Richard Donner, Superman, foi exibido pela rede Cinemark.
Pude assistir ao filme em sua versão estendida, com diversas cenas que não
constavam no seu corte original, como a introdução com referência ao quadrinho
Action Comics e a sequência mais longa em Krypton, para citar apenas duas.
Muito além de qualquer discussão voltada para a influência
imperialista do personagem, com suas cores ianques e defesa do tal “american way
of life”, muito bem ironizado no filme, inclusive, o que quero salientar aqui é
a importância que tal personagem tem para mim.
Comecei a ler os quadrinhos do Super em 1994, com a febre
gerada pelo fenômeno de vendas A Morte do Super-Homem, saga publicada no Brasil
em saudosos formatinhos lançados pela Editora Abril em um total de nove
revistas que guardo até hoje na estante. Até aquele momento, meu contato com a
arte sequencial se dava exclusivamente com a turma do Mônica. Muita coisa
aconteceu a partir daquele gibi, que meu irmão/amigo Biel Serravalle me trouxe
(não esqueça! não esqueça! – piada interna).
A obra de Richard Donner e a presença da figura de
Christopher Reeve, porém, já faziam parte de meu imaginário desde a infância,
nas várias sessões da tarde em que a música de John Williams encantava a mente
daquele menino que chegou a ter até um uniforme do azulão e cogitou voar pela
janela, mas teve seu plano cancelado por uma mãe atenta. O abrir daquele
quadrinho há tanto tempo significou, também, abrir um leque muito maior do que
apenas o de uma história de heróis.
Ontem, ao me emocionar com o tema de Krypton e com a
clássica inserção da música que John Williams criou de forma tão sublime,
lembrei de muitos momentos de minha vida que, de alguma forma, o contato com
aquele filme ainda criança me permitiu ter no futuro. Pode parecer saudosista.
Ok, que seja. Mas há uma mágica na presença de Christopher Reeve na tela, no
seu modo ingênuo e adorável de representar Clark Kent, com aquela postura curvada
e voz insegura, que encanta o cinéfilo de modo precioso. Reeve torna possível o
fato de que as pessoas não percebem que Clark e o herói são a mesma pessoa.
Revisitar a obra na tela grande, com todo seu impacto
visual, me emocionou por vários aspectos. Mas, principalmente, por lembrar de
brincadeiras com a mecha do cabelo na testa; por lembrar de uma capa de caderno
mosaico, feito a mão, e que guardo com tanto afeto; por lembrar de histórias em
quadrinhos que embalaram conversas maravilhosas.
O cinema tem esse poder de causar esse mergulhar em
lembranças cujos momentos compartilhados nos marcam e fazem tanta falta.
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