(The Fate of the Furious, EUA, 2017)
Direção: F. Gary Gary. Com Vin Diesel, Dwayne Johnson, Jason Statham, Michelle
Rodriguez, Kurt Russell, Scott Eastwood.
Por João Paulo
Barreto
Talvez tenha sido a franquia Velozes e Furiosos a que mais exigiu do espectador e dos críticos a
aplicação do termo suspensão da
descrença. Não somente por ter alcançado tamanha longevidade com oito
filmes em dezesseis anos, mas pela capacidade de sempre conseguir superar os absurdos apresentados em cada um dos
seus longas anteriores.
O que se vê na parte oito nada mais é do que uma reciclagem
das ideias trazidas no decorrer de toda a série, levando em consideração,
claro, a proposta de criar momentos ainda mais impactantes visualmente e que
exijam dos tais veículos o máximo de suas já inacreditavelmente absurdas
capacidades. E se aqui temos Dwayne Johnson desviando um míssil com as próprias
mãos, bom, quanto mais absurdo, melhor.
Deckard e Luke: amor reprimido |
Depois de colocar os carros com paraquedas saltando de um
avião e com seus motores em pleno funcionamento na parte anterior, o que fazer
para superar isso? Talvez essa tenha isso a principal pergunta dos produtores
para seu roteirista Chris Morgan, responsável pelo desenvolvimento de quase
todos os filmes da leva. “Vamos colocar um submarino na jogada!” Ao ver isso
acontecendo na tela, o que lhe chega à mente é a percepção que eles terão que
colocar as máquinas possantes no espaço sideral para fazer a nona ou a décima sequência
surpreender.
Em se tratando de sua história e da interação entre seus
personagens, o oitavo trabalho traz momentos de boa química, principalmente
entre Johnson (figura que vem se destacando pelo carisma) e Jason Statham que, digam
o que quiserem, precisam assumir que se amam e que sentem atração um pelo
outro. Observar Luke levantando peso para se exibir para Deckard foi a
comprovação máxima.
Charlize Theron emprestando credibilidade à série |
Mantendo a forçada ideia de “somos uma família”, algo que já
soava pretensamente cafona lá em 2001, quando o primeiro chegou às telas, aqui,
ao menos, há a inserção de personagens que, de fato, representam a criação de
uma, como vemos no próprio Vin Diesel a homenagear a figura de Paul Walker
batizando seu filho como Brian, nome do falecido ator na série.
Some a isso a presença de Charlize Theron cedendo sua credibilidade
de “vencedora do Oscar (mas preciso pagar
as contas)” ao filme, e lá está uma vilã que, apesar de ficar no mesmo ambiente
durante quase 100% do tempo, apertando botões e tendo que demonstrar emoções ao
simplesmente observar um monitor, convence no melhor estilo vilão Bond.
Toretto e Cypher: Traição? hmmmm, esse plot twist já estava evidente |
No mais, lá estão as perseguições nas ruas de Nova York,
desta vez sendo atacada por “carros zumbis”, corridas de marcha à ré nas vielas
de Havana (com direito a lição de moral de Toretto e respeito à cultura cubana –
toma, Trump!) e todas as piadas envolvendo o Sr. Ninguém, interpretado por Kurt
Russell, aqui com a ajuda de Scott Eastwood, a vitima da vez no grupo de
exímios motoristas que, não se sabe por qual razão, é sempre contratado pela
agência do governo para resolver problemas que agentes treinados podem (e
devem) resolver. Mas, divago.
No geral, o saldo é positivo. Qualquer erro e extravagância cometidos
aqui, eles terão muitos outros longas para corrigir e superar. Para o bem ou
para o mal.
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