quinta-feira, 13 de abril de 2017

Velozes e Furiosos 8

(The Fate of the Furious, EUA, 2017) Direção: F. Gary Gary. Com Vin Diesel, Dwayne Johnson, Jason Statham, Michelle Rodriguez, Kurt Russell, Scott Eastwood.


Por João Paulo Barreto

Talvez tenha sido a franquia Velozes e Furiosos a que mais exigiu do espectador e dos críticos a aplicação do termo suspensão da descrença. Não somente por ter alcançado tamanha longevidade com oito filmes em dezesseis anos, mas pela capacidade de sempre conseguir  superar os absurdos apresentados em cada um dos seus longas anteriores.

O que se vê na parte oito nada mais é do que uma reciclagem das ideias trazidas no decorrer de toda a série, levando em consideração, claro, a proposta de criar momentos ainda mais impactantes visualmente e que exijam dos tais veículos o máximo de suas já inacreditavelmente absurdas capacidades. E se aqui temos Dwayne Johnson desviando um míssil com as próprias mãos, bom, quanto mais absurdo, melhor.

Deckard e Luke: amor reprimido
Depois de colocar os carros com paraquedas saltando de um avião e com seus motores em pleno funcionamento na parte anterior, o que fazer para superar isso? Talvez essa tenha isso a principal pergunta dos produtores para seu roteirista Chris Morgan, responsável pelo desenvolvimento de quase todos os filmes da leva. “Vamos colocar um submarino na jogada!” Ao ver isso acontecendo na tela, o que lhe chega à mente é a percepção que eles terão que colocar as máquinas possantes no espaço sideral para fazer a nona ou a décima sequência surpreender.

Em se tratando de sua história e da interação entre seus personagens, o oitavo trabalho traz momentos de boa química, principalmente entre Johnson (figura que vem se destacando pelo carisma) e Jason Statham que, digam o que quiserem, precisam assumir que se amam e que sentem atração um pelo outro. Observar Luke levantando peso para se exibir para Deckard foi a comprovação máxima.

Charlize Theron emprestando credibilidade à série 
Mantendo a forçada ideia de “somos uma família”, algo que já soava pretensamente cafona lá em 2001, quando o primeiro chegou às telas, aqui, ao menos, há a inserção de personagens que, de fato, representam a criação de uma, como vemos no próprio Vin Diesel a homenagear a figura de Paul Walker batizando seu filho como Brian, nome do falecido ator na série.

Some a isso a presença de Charlize Theron cedendo sua credibilidade de “vencedora do Oscar (mas preciso pagar as contas)” ao filme, e lá está uma vilã que, apesar de ficar no mesmo ambiente durante quase 100% do tempo, apertando botões e tendo que demonstrar emoções ao simplesmente observar um monitor, convence no melhor estilo vilão Bond.

Toretto e Cypher: Traição? hmmmm, esse plot twist já estava evidente
No mais, lá estão as perseguições nas ruas de Nova York, desta vez sendo atacada por “carros zumbis”, corridas de marcha à ré nas vielas de Havana (com direito a lição de moral de Toretto e respeito à cultura cubana – toma, Trump!) e todas as piadas envolvendo o Sr. Ninguém, interpretado por Kurt Russell, aqui com a ajuda de Scott Eastwood, a vitima da vez no grupo de exímios motoristas que, não se sabe por qual razão, é sempre contratado pela agência do governo para resolver problemas que agentes treinados podem (e devem) resolver. Mas, divago.


No geral, o saldo é positivo. Qualquer erro e extravagância cometidos aqui, eles terão muitos outros longas para corrigir e superar. Para o bem ou para o mal. 

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