(Patriot´s Day, EUA, 2016) Direção: Peter
Berg. Com Mark Wahlberg, Michelle Monagha, J.K. Simmons, John Goodman, Kevin
Bacon.
Por João
Paulo Barreto
Comum surgirem obras que retratam acontecimentos trágicos em
solo americano. Normalmente, as dramatizações são produzidas com alguns anos de
intervalo, cinco a seis, é o normal. Foi o caso de As Torres Gêmeas, de Oliver Stone, e Voo 93, petardo de Paul Greengrass. O Dia do Atentado, produção bancada por Mark Wahlberg e (vá lá) bem
dirigida por Peter Berg foi lançada em 2016 nos Estados Unidos, apenas três
anos após o atentado ocorrido em 15 de abril de 2013, quando duas bombas caseiras
foram detonadas durante a Maratona de Boston.
É bem verdade que o filme exagera no quesito patriótico
(desde o seu título original, obviamente). A mudança no nome nacional denota um
dos poucos acertos nesse tipo de decisão quando obras estrangeiras chegam ao Brasil.
Porém, há no roteiro escrito pelo próprio Berg, Matt Cook e Joshua Zetumer,
quando descontadas as falas de efeito e momentos artificiais para captar a “honra
de ser estadunidense”, uma boa construção de personagens, calcada, claro, na
presença do produtor/protagonista Wahlberg, que entrega bons momentos quando,
no papel de um policial responsável pela segurança da maratona, desabafa acerca
dos traumas relacionados ao terrorismo, além de captar uma eficiente cena
emocional, quando se desculpa com a esposa por tê-la colocado no local dos
ataques.
Tommy (Wahlberg) refaz os passos dos terroristas |
Do mesmo modo, o trabalho de Berg, em conjunto com os sempre
competentes Trent Reznor e Atticus Ross na criação de tensão através da trilha
sonora, mantém o espectador vidrado nos acontecimentos ali encenados, algo que
se torna contagiante a partir do momento em que os ataques são dramatizados
pela produção. E aqui reside outro aspecto de acerto da obra: suas sequências
de ação. Desde o momento em que a maratona sofre seu revés, até a crucial caça
e captura dos dois irmãos responsáveis pelo ataque, a câmera de Berg,
acompanhada por uma montagem que não sufoca a ação em cortes rápidos e
desnecessários, traz o impacto daqueles acontecimentos de modo genuíno ao
espectador, que, independente do clichê “respiro- aliviado-seguido-de-comemoração-dos-personagens”
quando a poeira assenta, sente um peso parecido ser retirado de seus ombros.
Seguindo acerto semelhante, o desenho de produção,
juntamente com a direção de arte e montagem, cria sequências eficientes mesmo
quando não se trata de elementos de ação. Observe, por exemplo, o modo como o
personagem de Wahlberg é utilizado para situar os investigadores no local e
arredores de onde as explosões aconteceram, colocando a busca pelos dois
transeuntes suspeitos de terrorismo através das câmeras de segurança nos
comércios dos arredores. Uma cena simples que recria uma prática padrão em investigações,
mas que, ao ser encenada dentro do contexto do filme e auxiliada pela montagem
que exibe o resultado do senso geográfico do personagem, dá ritmo à narrativa,
mesmo que usando de elementos mínimos.
Ao final, fica aquele incômodo ainda relacionado à patriotada
excessiva da obra, no entanto, o filme traz uma louvável mensagem edificante de
força e consolo às pessoas feridas e aos familiares dos mortos naquele fatídico
quinze de abril.
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