quinta-feira, 11 de maio de 2017

O Dia do Atentado

(Patriot´s Day, EUA, 2016) Direção: Peter Berg. Com Mark Wahlberg, Michelle Monagha, J.K. Simmons, John Goodman, Kevin Bacon.


Por João Paulo Barreto

Comum surgirem obras que retratam acontecimentos trágicos em solo americano. Normalmente, as dramatizações são produzidas com alguns anos de intervalo, cinco a seis, é o normal. Foi o caso de As Torres Gêmeas, de Oliver Stone, e Voo 93, petardo de Paul Greengrass. O Dia do Atentado, produção bancada por Mark Wahlberg e (vá lá) bem dirigida por Peter Berg foi lançada em 2016 nos Estados Unidos, apenas três anos após o atentado ocorrido em 15 de abril de 2013, quando duas bombas caseiras foram detonadas durante a Maratona de Boston.

É bem verdade que o filme exagera no quesito patriótico (desde o seu título original, obviamente). A mudança no nome nacional denota um dos poucos acertos nesse tipo de decisão quando obras estrangeiras chegam ao Brasil. Porém, há no roteiro escrito pelo próprio Berg, Matt Cook e Joshua Zetumer, quando descontadas as falas de efeito e momentos artificiais para captar a “honra de ser estadunidense”, uma boa construção de personagens, calcada, claro, na presença do produtor/protagonista Wahlberg, que entrega bons momentos quando, no papel de um policial responsável pela segurança da maratona, desabafa acerca dos traumas relacionados ao terrorismo, além de captar uma eficiente cena emocional, quando se desculpa com a esposa por tê-la colocado no local dos ataques.

Tommy (Wahlberg) refaz os passos dos terroristas 
Do mesmo modo, o trabalho de Berg, em conjunto com os sempre competentes Trent Reznor e Atticus Ross na criação de tensão através da trilha sonora, mantém o espectador vidrado nos acontecimentos ali encenados, algo que se torna contagiante a partir do momento em que os ataques são dramatizados pela produção. E aqui reside outro aspecto de acerto da obra: suas sequências de ação. Desde o momento em que a maratona sofre seu revés, até a crucial caça e captura dos dois irmãos responsáveis pelo ataque, a câmera de Berg, acompanhada por uma montagem que não sufoca a ação em cortes rápidos e desnecessários, traz o impacto daqueles acontecimentos de modo genuíno ao espectador, que, independente do clichê “respiro- aliviado-seguido-de-comemoração-dos-personagens” quando a poeira assenta, sente um peso parecido ser retirado de seus ombros.

Seguindo acerto semelhante, o desenho de produção, juntamente com a direção de arte e montagem, cria sequências eficientes mesmo quando não se trata de elementos de ação. Observe, por exemplo, o modo como o personagem de Wahlberg é utilizado para situar os investigadores no local e arredores de onde as explosões aconteceram, colocando a busca pelos dois transeuntes suspeitos de terrorismo através das câmeras de segurança nos comércios dos arredores. Uma cena simples que recria uma prática padrão em investigações, mas que, ao ser encenada dentro do contexto do filme e auxiliada pela montagem que exibe o resultado do senso geográfico do personagem, dá ritmo à narrativa, mesmo que usando de elementos mínimos.

Ao final, fica aquele incômodo ainda relacionado à patriotada excessiva da obra, no entanto, o filme traz uma louvável mensagem edificante de força e consolo às pessoas feridas e aos familiares dos mortos naquele fatídico quinze de abril.


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