(Inseparables, Argentina,
2016) Direção: Marcos Carnevale. Com Oscar Martínez, Rodrigo de La Serna,
Alejandra Flechner.
Por João Paulo Barreto
Difícil falar sobre Inseparáveis,
novo filme argentino estrelado por Oscar Martinez e Rodrigo de La Serna sem
suscitar o original francês no qual foi baseado o longa oriundo do país hermano.
Intocáveis, tocante trabalho lançado
em 2011, conseguiu unir, em uma história aparentemente simples, elementos de
drama e comédia em um equilíbrio notável, sem que a premissa descambasse para o
riso rasgado e vazio baseado em momentos descartáveis de comédia rasa, ou para
o melodrama barato e manipulador, através do uso frágil de uma trilha sonora
inserida com claro impacto artificial.
Além de todos estes elementos de acerto, trata-se de uma
obra que conseguiu uma química singular entre seus protagonistas e que deve boa
parte de seu funcionamento ao carisma de Omar Sy. No sorriso rasgado do ator,
seu personagem, Driss, escondia diversas nuances e camadas, tanto de alegria
quanto de sofrimento, algo que o colocava em uma mescla constante de afeto e
curiosidade por parte do espectador, que enxergava no jovem excluído socialmente
uma pessoa de bom coração, mas que erros passados acabaram por colocá-lo
naquela espiral descendente. E é na amizade com Phillippe, personagem
construído cuidadosamente por François Cluzet, que o rapaz percebe uma segunda
chance de manter seu bom caráter em evidência, mesmo que o mesmo tenha sido
testado de modo negativo anteriormente.
Tito (Rodrigo de La Serna) em seu momento de dança |
Então, cinco anos depois, surge a cópia carbono argentina batizada
de Inseparáveis. Reduzindo para um
modo simplista a forma como os dois protagonistas se encontram, aqui, o emprego
oferecido ao Tito (vivido por um esforçado Rodrigo De la Serna) de forma um
tanto ao acaso, já tira boa parte da boa construção do personagem de Driss no
original francês, quando o mesmo estava no local das entrevistas em busca
apenas de uma assinatura no documento que o permitiria renovar seu seguro
desemprego. E esse momento de fúria que desenha a cena já denota bem o modo
como a história do original será reduzida a um meio um tanto preguiçoso, mais
calcado em uma atuação histriônica de Serna do que através de um cuidado no equilíbrio
dramático e cômico visto em Sy.
Já Oscar Martínez não pode fazer muito pelo seu Felipe, o
milionário tetraplégico, a não ser emular a atuação de Cluzet, sendo que, aqui,
ele ainda é prejudicado por uma maquiagem ineficiente que não se justifica (a
barba falsa no final gera estranheza) e pela ausência da mesma química
observada entre os atores franceses.
Martinez e de La Serna - Esforço no emular da mesma química do original |
Na já citada utilização da trilha sonora de modo forçado e
buscando manipular a emoção do espectador, o filme acaba reduzindo seu impacto,
percebendo-se ineficaz naquilo que o seu original foi tão eficiente: a criação
de uma empatia instantânea entre seus personagens e o público. Apesar de pouca
coisa ou quase nada funcionar neste remake, é preciso reconhecer que a opção de
simplificar as causas do acidente de Felipe para a equitação ao invés do
parapente conseguiu gerar um impacto emocional mais eficiente que o do
original.
Vamos esperar agora pela versão estadunidense com Bryan
Cranston e Kevin Hart em mais uma refilmagem que parece provar a total ausência
de novas ideias no cinema.
e a trilha sonora, como encontro?
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