quinta-feira, 21 de abril de 2016

O Caçador e a Rainha do Gelo

(The Huntsman: Winter´s War, EUA, 2016) Direção: Cedric Nicolas-Troyan. Com Chris Hemsworth, Jessica Chastain, EmilyBlunt, Charlize Theron, Nick Frost. 



Por João Paulo Barreto

Continuação do divertido Branca de Neve e o Caçador, filme de 2012 que tinha na presença dos anões vividos por alguns veteranos atores britânicos, como Bob Hoskins, Ray Winstone e Toby Jones, seu melhor trunfo, O Caçador e a Rainha de Gelo funciona bem como um simultâneo preview e continuação para a história vista na aventura anterior, apesar de não trazer de volta o grupo completo de anões do original.

Aqui, conhecemos a origem do caçador representado pelo Thor Chris Hemsworth, raptado quando criança e treinado junto a outras para compor a guarda pessoal da rainha do gelo, Freya (a inexpressiva Emily Blunt). Antes disso, a relação da rainha com sua irmã Ravenna, a bruxa má do original (Theron, que parece se divertir com a caricatura), é passada a limpo em um breve prólogo que consegue representar bem as motivações malignas de Freya, cuja trágica história traz elementos dolorosos envolvendo a perda do filho ainda bebê.

A construção da personalidade de Freya, que passa a renegar qualquer tipo de amor quando sofre a morte do próprio bebê, é um dos acertos do roteiro. Ao optar por essa abordagem pesada, representada pela perda mais dolorosa que uma pessoa pode sofrer, o filme consegue criar um forte argumento na motivação de sua vilã inicial, o que, diferente da vaidade da clássica personagem da bruxa má, consegue criar uma crível situação dentro de uma fábula infantil.

Freya no momento de sua maior dor
E justamente por se tratar de uma fábula infantil em sua origem, o longa acaba utilizando alguns artifícios tradicionais nessa construção, como a ideia de um narrador onipresente que situa o espectador em relação à história vista no trabalho anterior, além de manter alguns elementos do conto clássico dos irmãos Grimm. Neste aspecto fantasioso, apesar da necessidade autoexplicativa do narrador incomodar um pouco, o filme se sai bem na inserção dos elementos fantásticos, como minotauros (a cena da luta do caçador com uma dessas criaturas impressiona), fadas e outros seres míticos. 

Ainda em relação ao deslocado uso da narração em off, é valido citar o incômodo em ver a história girar em torno do fato da Branca de Neve estar morrendo, mas, por conta da não participação de Kristen Stewart, que viveu a personagem no original, o filme acaba encontrando saídas fáceis e ineficientes para resolver esse problema, como ao mostrar a personagem de costas em sua convalescência.

Eric e Sara em seu trágico romance
Obviamente, o fato de termos não somente uma bruxa má aqui, mas DUAS, meio que justifica a não utilização de Branca de Neve como personagem de destaque, já que as coisas poderiam ficar um tanto congestionadas no desenvolvimento da história, uma vez que ainda é preciso encontrar tempo para abordar o romance entre o caçador Eric e Sara (Chastain), outra que ainda criança foi treinada para compor o exército de Freya. 

Diante de uma personagem feminina cuja motivação reside apenas no fato superficial de desejar ser a mais bela das mulheres, é louvável ver que o filme tenha a atenção de inserir uma representante feminina a lutar por algo que realmente cause identificação no público. E o filme tem seu mérito ao acertar nas duas personagens, tanto a vilã Freya, quanto a heroína Sara. E Jessica Chastain se sai muito bem na aspereza e no lado violento de sua heroína.

Divertido, o filme consegue captar bem a atenção infantil na reimaginação de um texto clássico.

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