(Kong: Skull Island, EUA, 2017) Direção: Jordan
Vogt-Roberts. Com Tom Hiddleston, Brie Larson, Samuel L. Jackson, John C.
Reilly, Toby Kebbell.
Por João
Paulo Barreto
Diferente das abordagens anteriores acerca do macaco gigante
a viver na ilha perdida, onde um variado número de criaturas (horripilantes ou não)
também sobrevive, Kong – A Ilha da
Caveira se destaca por equilibrar de modo exemplar dois tipos distintos de
filmes em seu desenvolvimento.
Além de ser uma ótima aventura, que consegue explorar os
diversos elementos fantásticos que o seu cenário pode oferecer, traz acertadamente
um plot relacionado com filmes de guerra (mais precisamente a do Vietnam), algo
que por si só já consegue criar uma eficiente atmosfera para seu enredo,
unindo, assim, um visual que remete a clássicos como Apocalipse Now, além de partilhar uma trilha sonora soberba no que
tange aos pilares do rock setentista.
No citado enredo, cientistas liderados por um quase magro
John Goodman descobrem via fotos de satélite (algo totalmente inventivo para a
época) a tal ilha. Na corrida contra os russos durante a Guerra Fria,
conseguem, através de Washington, destacar um grupo de soldados do Vietnam para
acompanhá-los (com um fanático Samuel L. Jackson à frente), juntamente com um
experiente rastreador (Hiddleston, na figura alfa de sempre em produções do
tipo) e uma fotografa talentosa (Larson) que, de modo convenientemente menos
exagerado que nas versões anteriores, representará o objeto de afeição do
gorilão.
Hiddleston e Larson - nomes de peso a representar os públicos masculino e feminino |
Com impactantes cenas de guerra, como aquela que traz o protagonista
título contra um grupo de helicópteros que bombardeia a ilha, o longa diz a que
veio logo em seus primeiros momentos de exploração da ilha, deixando de lado a
extensa apresentação e contextualização dos seus personagens para, de fato,
mandar ver no caos em absortas sequências de destruição nas quais árvores são usadas
como mísseis contra as aeronaves e as sucatas logo viram pedaços de papel sendo
rasgados pelo macaco.
Diferente da decepcionante versão dirigida por Peter Jackson
em 2005, na qual os defeitos em CGI pareciam ganhar mais destaque aos olhos do
espectador do que a própria história em si (lembram da famigerada corrida com
dinossauros?), Kong – A Ilha da Caveira soube
apresentar um competente trabalho de composição das cenas de luta envolvendo o gigante
primata e as tais criaturas. Momentos como o que ele briga com um polvo (para
em seguida devorá-lo) ou quando enfrenta espécies de lagartos gigantes (ou
lagartos de caveira, como explica a válvula de escape vivida por John C. Reilly
em momento hilário) denotam justamente o esmero da produção na criação digital
dos elementos.
Efeitos visuais eficientes impressionam |
Explorando de modo eficiente, também, as diversas
possibilidades que a ilha em si pode oferecer em termos de outras aparições horripilantes,
incluindo aranhas gigantes e pássaros jurássicos, o desenho de produção do
filme se destaca por conseguir construir uma ambientação a causar o obrigatório
desconforto no espectador, como quando um dos tais lagartos vomita um crânio
parcialmente digerido ou quando uma pata pontiaguda serve como instrumento para
empalar um soldado.
Apesar da insistência em fixar a imagem de Hiddleston com o
herói destemido da trama (o momento em que ele derruba diversos pássaros com
uma espada constrange por sua falta de sintonia), Kong possui bons personagens e a presença feminina de Brie Larson a
coloca em cena de modo a não forçar uma falsa fragilidade, algo que, a propósito,
a sua Mason Weaver não carece demonstrar.
Com uma cena pós crédito reveladora, Kong- A Ilha da Caveira parece querer iniciar uma promissora
franquia para o cinema de monstros. Lembrando a mediana tentativa de trazer de
volta Godzila em 2014, ver uma conhecida silhueta na fotografia exibida por um
personagem, de fato, empolga.
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