Por João Paulo Barreto
Em 2002, o pequeno filme Casamento Grego, realizado a custo de caixa pela Play Tone, produtora de Tom Hanks, (custou US$5 milhões) faturou em todo o mundo a bagatela de US$368 milhões. Não seria de se estranhar se uma continuação abordando qualquer aspecto da peculiar família de Toula Portokalos fosse criada logo no ano seguinte, para aproveitar a acertada fórmula simples que cativou o público.
No entanto, passaram-se quatorze anos para que pudéssemos revisitar os carismáticos personagens e, surpreendentemente, a mesma fórmula voltou a funcionar. Ao recauchutar a ideia a partir de um novo casamento, a roteirista e protagonista Nia Vardalos preferiu fugir da armadilha óbvia de abordar um matrimônio envolvendo sua filha. Aqui, ela traz o destaque para seus pais, cujas peculiaridades já conhecíamos, tendo sido uma grata surpresa observar como novas bodas (ou as primeiras, como o roteiro brinca) entre o casal de idosos gerou a mesma graça do seu predecessor.
Novos membros e a velha turma: revisitando as piadas certeiras |
Se antes tínhamos na descoberta das excentricidades daquelas pessoas as razões para os risos, desta vez é no reconhecimento das mesmas e, claro, na percepção de outras, que reside a graça dessa nova versão para mais um casamento. Desde a sua abertura, com o uso de certo limpa vidros milagroso, percebe-se o tom de brincadeira com os elementos inseridos no primeiro filme. Logo em seguida, vemos como os filhos de Gus (Michael Constantine) decidiram permanecer ao lado dos pais de modo literal, com o velho grego buscando os netos nas duas casas vizinhas à sua. As gags visuais refletindo o longa anterior, de fato, dão certo.
Mas o filme não poderia se sustentar por 90 minutos se viesse a se basear somente em homenagens e reciclagens de piadas anteriores. Utilizando o envelhecer de seu elenco e as mudanças tecnológicas que os quatorze anos entre as produções trouxeram, o roteiro de Vardalos brinca com o impacto que smatphones e tablets têm nos parentes mais velhos, bem como utiliza bem o efeito desse mesmo passar do tempo nos seus personagens (a recorrente piada envolvendo poses para fotos e pescoços que o diga).
Nova geração mas sem casamentos: Toula e sua filha, Paris |
Do mesmo modo, o filme se atualiza de forma positiva ao abordar um posicionamento ativo da mulher na sociedade atual, bem como traz de modo válido a ideia de aceitação de um ente querido independentemente de sua opção sexual. E isso dentro de uma conservadora família como a que já havíamos sido apresentados há quatorze anos é algo por demais surpreendente.
Casamento Grego 2 pode não alcançar o mesmo êxito conseguido pelo seu original, afinal, a competitividade no cinema hoje em dia difere bastante daquela de 2002, mas como projeto, há de se reconhecer os méritos de suas intenções e, claro, seu planejamento ao decidir por abordar um tema tão simples, e ao mesmo tempo certeiro, após tanto tempo.
Mas, enfim, vamos torcer para que fique somente nessa continuação.
Realmente é um filme ótimo levou quatorze anos que valeram a pena esperar.
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