Em visita a mais uma cidade do interior da Bahia, a itinerância do Cual e seu Cine Avuadora chega a Valença, no baixo-sul do estado
Continuo a reafirmar aqui a não idealização romântica do cinema quando se trata do alcance que projetos como o Cine Avuadora possuem. São sessões realizadas em itinerâncias pelo interior do estado, muitas vezes em cidades cujo alcance do cinema é mínimo e as possibilidades de se apresentar às pessoas produções do audiovisual baiano são bastante restritas, mesmo em tempos de internet.
O que pude comprovar no último final de semana, desta vez na cidade de Valença, no baixo-sul do estado, foi o quão válido e importante é o diálogo aberto pelo Coletivo Urgente de Audiovisual – CUAL. Na exibição de curtas metragens recentes produzidos aqui na Bahia, uma concretizada tentativa de se criar uma ponte com o público acerca de tais obras, além de uma generosidade constante na ideia de dividir conhecimento em um workshop gratuito no âmbito da produção cinematográfica.
Junto com Amanda Aouad durante o debate no pós sessão |
Na tela, curtas como "Dançando, mas tô andando", de Marcondes Dourado; "Doido Lelé", de Ceci Alves; "Menino do Cinco", de Marcelo Matos e Wallace Nogueira; "O velho e os três meninos", de Henrique Filho, “O Cadeado”, de Leon Sampaio e "O Menino Invisível", de Murilo Deolino, Danilo Umbelino e Uiran Paranhos. Todos a criar uma excelente rima em suas discussões no que tange ao lúdico, às vezes sofrido, não raro sufocante, universo infantil.
A seleção dialogou muito bem entre si e com os espectadores presentes no centro de cultura do município. Ao criar argumentos para a reflexão acerca do social, do familiar e do escapismo, a cuidadosa curadoria realizada pelo coletivo teve um importante êxito, uma vez que, no pós sessão, o diálogo gerado com os presentes pôde trazer esclarecimentos não somente para o público, mas também para aqueles que estavam ali na função de mediadores desta conversa, no caso eu e a colega de crítica Amanda Aouad, editora do site CinePipocaCult.
E é justamente esse diálogo o ponto mais recompensador do projeto. Se conseguirmos fazer com que ele aconteça, nem que seja ao menos com um dos presentes à sessão, já terá valido a pena.
E foi muito mais que o Cine Avuadora conseguiu, de fato.
A seleção dialogou muito bem entre si e com os espectadores presentes no centro de cultura do município. Ao criar argumentos para a reflexão acerca do social, do familiar e do escapismo, a cuidadosa curadoria realizada pelo coletivo teve um importante êxito, uma vez que, no pós sessão, o diálogo gerado com os presentes pôde trazer esclarecimentos não somente para o público, mas também para aqueles que estavam ali na função de mediadores desta conversa, no caso eu e a colega de crítica Amanda Aouad, editora do site CinePipocaCult.
Dúvidas e observações pertinentes levantadas pelos presentes |
Em um bate bola empolgante, foi interessante observar a vontade de alguns dos presentes em conhecer mais a fundo a estrutura do fazer cinematográfico, partindo da base do roteiro até chegar à fragilidade do cenário nacional no quesito distribuição. Abordando justamente o fato de que diversas produções que merecem representar o audiovisual do Brasil não chegam às telas por conta de um sufocante domínio de produtoras como a Globo Filmes, dentre outras, o cineclube deste final de semana trouxe questões pertinentes acerca de qual é, na realidade, o verdadeiro cinema brasileiro.
E é justamente esse diálogo o ponto mais recompensador do projeto. Se conseguirmos fazer com que ele aconteça, nem que seja ao menos com um dos presentes à sessão, já terá valido a pena.
E foi muito mais que o Cine Avuadora conseguiu, de fato.
Meu muito obrigado a Ramon Coutinho, Marcus Curvelo (El Duderino), Danilo Umbelino, Bianca Muniz e Carlos Baumgarten pelo convite para fazer parte de tão válido projeto.
Vida longa.
Foto com a galera ao final de mais uma sessão: turma boa! |
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