(Brasil, Canadá, 2015) Direção: Pedro Morelli. Com Alison Pill, Gael Garcia Bernal, Mariana Ximenes, Claudia Ohana.
Por João Paulo Barreto
Zoom, novo trabalho de Pedro Morelli, (co-diretor do ótimo Entre Nós), apesar de não inovar em relação às suas inserções de animação através de seu processo de rotoscopia (efeito de animação anteriormente visto no filosófico Waking Life), capta bem a atenção do espectador por conta da metalinguagem contida em seu frágil roteiro, relacionando realidade dentro de realidade, algo que, dada às devidas proporções, lembra um pouco o conceito visto em A Origem.
Apesar da comparação de estilo com Waking Life, convém salientar que as semelhanças com o profundo filme de 2001 param por aí. Aqui, a partir de um roteiro bobo escrito pelo estreante Matt Hansen, Morelli até consegue captar a atenção do espectador por conta da percepção das camadas de suas histórias paralelas e, convenhamos, pela metragem mínima do filme (se fosse mais longo, não creio que isso seria possível), mas, ao final, a sensação que fica é de uma perda de tempo. O popular picolé de chuchu.
Bernal e sua atuação captada e transformada em animação pela rotoscopia |
Na trama, somos levados pela história de uma funcionária de uma fábrica de bonecas sexuais e desenhista (Alison Pill) que, após receber uma crítica do colega de trabalho (e de sexo) acerca do tamanho dos seus seios, decide, do nada, gastar todas as suas economias em um implante de silicone. Nisso, desconta suas frustrações na sua criação quadrinística vivido por Gael García Bernal na pele de um conceituado diretor de cinema às voltas com as exigências do estúdio e com a repentina diminuição de seu pênis. Em paralelo, Mariana Ximenes vive a modelo que quer ser escritora, mas que, subestimada pelo namorado americano, volta ao Brasil desencantada.
O sentimento é o de um filme vazio, que se confia demais na suposta originalidade de suas histórias cruzadas e interdependentes, brincando com a metalinguagem e com a tal inovação existente na animação em rotoscospia (que capta os movimentos dos atores para em seguida animá-los), mas que não encontra argumento em sua fraca história para sustentar sua proposta.
Ao final, a sensação que temos é a mesma da personagem Marissa, chefe do estúdio que produz o filme dirigido por Edward (Bernal): é só isso? Esse é o final?
Preferível rever Mais Estanho que a Ficção ao chegar em casa do cinema.
Emma (Pill) e sua insegurança e personalidade influenciável ao extremo |
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