(The Nice Guys, EUA, 2016) Direção: Shane
Black. Com Russell Crowe, Ryan Gosling, Angourie Rice, Kim Basinger.
Por João Paulo
Barreto
Shane Black tinha uma fama de roteirista de qualidade que o
precedia quando estreou na direção de seu primeiro longa metragem em 2005. Na
ocasião, Beijos e Tiros foi recebido
de forma calorosa por seus diálogos rápidos, direção dinâmica, excelente química
entre os protagonistas (Val Kilmer e Robert Downey Jr. estavam perfeitos em
seus papeis) e uma trilha sonora inspirada. Black conseguira acertar novamente
na criação de personagens marcantes, algo que havia feito de modo inspirado
quando deu vida à dupla de policiais Martin Riggs e Roger Murtaugh vivida por
Mel Gibson e Danny Glover no já clássico Máquina
Mortífera.
Com uma recepção fria do seu regular Homem de Ferro 3, foi com curiosidade que acompanhei a sessão de Dois Caras Legais, seu novo filme. E, de
fato, Black não decepcionou. Voltando à fórmula que o consagrou, ao unir dois
protagonistas dispares e que têm justamente nessa química de opostos o que
realmente os torna interessantes para o público, o diretor e roteirista
encontra em Russell Crowe e Ryan Gosling a dupla ideal para gerar boas piadas
em momentos inspirados.
March pego um tanto desprevenido por Healy |
Ambientado em 1977, período no qual as luzes de neon e a
música disco dominavam qualquer ambiente pop (algo muito bem utilizado pelo
filme, friso), Shane apresenta os dois protagonistas nos papéis de detetives
particulares que se unem para solucionar um caso de desaparecimento de uma
jovem atriz pornô que parece estar envolvida em um complô relacionado à mafiosa
indústria automobilística de Detroit, pólo americano na construção de carros.
Seguindo as pistas do seu desaparecimento, o roteiro escrito
por Black em parceria com Anthony Bagarozzi, usa as investigações como pura
desculpa para destrinchar suas falas espertas em velozes diálogos, o que
funciona muito bem quando temos um personagem durão e violento como o Jackson
Healy, de Crowe, fazendo dupla oposta com o abobalhado Holland March, de
Gosling. Nessa boa química, as conversas entre os dois entregam os melhores
momentos, como quando Healy conhece March e decide conseguir informações de
modo não muito pacifico, ou quando este é pego desprevenido no banheiro, o
diretor opta por uma rápida, porém eficiente, gag visual envolvendo a porta do
toalete e um cigarro.
"Hey, vocês querem ver meu pau?" "Não, garoto, não queremos ver seu pau." |
Com uma excelente recriação de época ao inserir os anos 1970
em suas referências musicais e visuais, além, claro, na abordagem da indústria
pornô do período, o que lembra um pouco o que vimos em Boogie Nights, de Paul Thomas Anderson, Dois Caras Legais acerta principalmente por seu perfil
descompromissado, sem que isso queira dizer que se trata de um filme de roteiro
preguiçoso. Sua história, inclusive, chega a ficar um tanto confusa em certo
momento por conta da inserção de reviravoltas e personagens em excesso, mas
nada que prejudique o resultado.
No final, a impressão é a de que os realizadores se divertiram
no processo de criação tanto quanto o público se diverte conferindo aquela trama.
Com a junção perfeita de Crowe e Gosling nos perfis bad cop, good cop (a cena em que eles interrogam um barman é
hilária), e os diálogos exatos de Black (“Dad,
there are whores here, n’stuff”, “Don´t say n’stuff. Just say, Dad, there are
whores here”, March corrigindo a filha), percebe-se o acerto na escolha dos
dois.
Boas risadas no melhor estilo Shane Black são sempre bem
vindas.
Gostei de seu texto n_n Dois Caras Legais superou as minhas expectativas ❤️ O ritmo da historia nos captura a todo o momento. Quero vê-la novamente! Se vocês são amantes dos filmes de detetives, este é um que não devem deixar de ver. :)
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