(Suicide Squad, EUA,
2016) Direção: David Ayer. Com
Will Smith, Jared Leto, Margot Robbie, Viola Davies, Joel Kinnaman.
Por João Paulo Barreto
Existe um problema com a expectativa. Uma das regras em
qualquer aspecto da cinefilia reside no fato de que não se deve criar
expectativas acerca de nenhum projeto. Aí vem os filmes baseados em quadrinhos,
que dominam o mercado atualmente. Bombardear a mídia com imagens, trailers,
dentre outros aperitivos destinados aos fãs é via de regra para qualquer
estúdio. E a DC/Warner parece ser bem eficiente nesse sentido. Desde muito
tempo, friso. Basta dar um google e checar todas as estratégias utilizadas
quase trinta anos atrás para promoção do Batman,
de Tim Burton.
Em se tratando do seu novo projeto, Esquadrão Suicida, a comparação com a obra de Burton fica somente
na estratégia e no fato de que ambas possuem dois personagens em comum. O
morcego de Ben Affleck em breve participação e o Coringa, que dessa vez ganha a
face e o talento subaproveitado de Jared Leto. Claro, após a encarnação
perfeita de Heath Ledger na obra máxima de Christopher Nolan, ficava difícil alguém
se arriscar no papel. Sem ser saudosista e evitando comparações, Leto até se
esforçou para entregar um vilão à altura do seu talento, mas teve sua participação
diluída ao aspecto de um simples coadjuvante de luxo, sem trazer o real impacto
que um personagem como aquele poderia causar na história. Não por culpa sua, mas, sim, de um roteiro mal amarrado, que se baseia em vilões sem
substância e em anti-heróis sem muito carisma.
Leto como o Coringa: talento mal aproveitado |
Na junção da equipe de vilões retirados de uma prisão de
segurança máxima com o intuito de colocá-los contra uma entidade demoníaca,
agora que o Superman está morto e não há metahumanos com poderes suficientes
para enfrentar tal situação, o filme coloca o grupo em literal rota de colisão
com diversos obstáculos, até o momento em que chegam ao local onde deverão
enfrentar a tal criatura Enchantress, um demônio milenar que foi despertado
após uma arqueóloga localizar a caverna onde ele vivia e passar a dividir com
ela o mesmo corpo.
Trata-se de um filme de apresentação. Passamos boa parte do
longa sendo inseridos no universo de cada um dos personagens, conhecendo suas
falhas e motivações, e descobrindo como cada um foi parar naquele contexto, o
que não significa que haja um desenvolvimento dos seus elementos, que parecem
apenas ser jogados na tela com a função de matar alguma coisa. Ao final de tantas
fichas corridas, difícil é o espectador não familiarizado com o universo dos
quadrinhos lembrar-se do primeiro apresentado. No mais, nota-se uma necessidade
gritante de se inserir Will Smith como protagonista, mesmo que seu Pistoleiro não
tenha um peso maior do que o de qualquer outro membro da equipe. Em um filme no
qual temos o Coringa como um dos coadjuvantes subaproveitados, quem é que quer
ver um personagem cujo talento é conseguir acertar um alvo? Vocês possuem ouro
nas mãos. Façam uso dele!
Smith: protagonista forçado. Robbie: divertindo-se |
Além disso, em um período no qual discussões acerca do
feminismo estão merecidamente em evidência, Margot Robbie até consegue trazer
peso para sua personagem, que diverte em sua postura sociopata, mas que, no
final, parece apenas querer ser mãe e dona de casa. E, claro, o filme precisa apelar para poses pin
ups em algumas de suas cenas. No entanto, vale citar o momento desnecessário em
que um dos membros do esquadrão acerta um soco no rosto de uma policial
feminina sob a justificativa de que “ela tinha a boca suja”. Creio que esse
tipo de cena em um filme cujo publico alvo é basicamente adolescente (o que
justifica as poses sensuais de Quinn) não contribui em muita coisa, mesmo que
certa catarse seja inserida para o personagem agressor.
A sensação é justamente a de um roteiro frouxo que insiste
em inserir reviravoltas frágeis que impedem qualquer fluidez de sua trama. Com um final em aberto e convenientemente
pedindo por uma continuação, espera-se que, ao menos, possamos ver o que Jared
Leto ainda poderá fazer pelo seu icônico papel.
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