terça-feira, 23 de agosto de 2016

Pets: A Vida Secreta dos Bichos

(The Secret Life of Pets, EUA, 2016) Direção: Yarrow Cheney e Chris Renaud. Com as vozes de Louis C.K. Eric Stonestreet, Kevin Hart.


Por João Paulo Barreto

Seguindo uma estrutura de desaparecimento de personagens centrais e resgate realizado pelos outros que os cercam, algo que aparenta ser um padrão nas animações recentes, Pets – A Vida Secreta dos Bichos não consegue a mesma proeza que a Pixar em seus dois exemplares do tipo (Procurando Nemo e Dory) no quesito “cativar a preocupação do espectador para com seus protagonistas”, mas, ao menos, cria boas gargalhadas ao exibir os momentos privados dos bichinhos.

Funcionando bem em seu inicio quando trabalha as horas em torno dos hábitos dos animais ao se verem sozinhos nos apartamentos (as piadas com o pug latindo para esquilos da janela, o poodle batendo cabeça com heavy metal e a utilização das hastes de uma batedeira por um daschund como cafuné estão entre as melhores), o filme, porém, perde seu ritmo quando precisa focar na missão de resgate dos protagonistas Max e Duke, que desaparecem no passeio pelo Central Park, em Nova Iorque, e acabam sendo perseguidos pela carrocinha até encontrar um grupo de bichos dissidentes que buscam vingança contra a humanidade.

Cafuné improvisado em um dos bons momentos do filme
Neste grupo, que leva Max e Duke com eles após resgatá-los da carrocinha, é curioso observar ecos de A Revolução dos Bichos, clássico de George Orwell, principalmente nos discursos revoltosos contra a exploração da humanidade proferidos pelo coelhinho Snowball, além da presença do porco Tattoo, que carrega em seu couro as tatuagens a definir suas partes de corte.

Há, porém, certo cansaço nas situações envolvendo o resgate dos dois pelo grupo de animais que mora no mesmo prédio. As ações desastrosas envolvendo bichos a dirigir caminhões e causando estragos pela cidade (aqui, a ponte do Brooklin serve como cenário para destruição) perdem a graça já em suas premissas, uma vez que já vimos tal saída ser utilizada de modo praticamente idêntico, mas com um melhor resultado, na rival Pixar com a continuação recente Procurando Dory.

Realizado pela mesma Ilumination que estava por trás do sem graça Minions, filme solo das criaturinhas amarelas de um truque só, Pets ao menos não comete o mesmo erro do trabalho anterior do estúdio, quando colocou grandes metrópoles como Londres com ruas desertas durante o clímax em um claro sinal de preguiça da produção.

Duke chega para infernizar a vida de Max
Nova Iorque está belíssima como cenário de fundo aqui. Com seus arranha-céus colocados de modo estilizado, lembrando até mesmo Metropolis, clássico de Fritz Lang, a beleza urbana da cidade é bem explorada pelos seus personagens humanos que, de modo um tanto absurdo, a contemplam como se fosse uma obra de arte.


Devendo mais momentos ilustrando o comportamento dos animais sozinhos em casa (que é quando o filme realmente funciona), algo que denota bem a fragilidade do desenvolvimento da ideia, Pets é o tipo de animação que, diferente das duas obras do estúdio concorrente já citado, subestima um pouco o grau de entretenimento do seu público. Mesmo o mirim, friso.     

2 comentários:

  1. Vejo muitos elogios ao filme, eu sinceramente não gostei, Tirei meu filho do cinema antes da metade do filme. Vingança, inveja, morte, perseguição, abandono, para mim, tiraram a beleza dos bichos. Sei que o mundo não é bom e que temos que mostrar que existe o mal para nossos filhos, mas achei o filme apelativo demais. E olhe que não sou evangelica.

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  2. Achei ótima!
    Nós nos divertimos! Afinal de contas não vivemos em um mundo fictício, e a mensagem é que todos devemos nos unir para um determinado fim, prevalecendo a amizade.

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