(The Magnificent Seven, EUA, 2016)
Direção: Antoine Fuqua. Com Denzel Washington, Chris Pratt, Ethan Hawke, Vicent
D’Onofrio, Byung-hun Lee, Martin Sensmeier, Haley Bennett.
Por João
Paulo Barreto
Alguns filmes são como pilares. Instituições. Não se deve
ousar sequer pensar na possibilidade de refilmagens, adaptações para séries de
TV ou reimaginações. É o caso de obras como O
Poderoso Chefão, Taxi Driver ou Rastros
de Ódio. Claro, hoje há uma tendência, modinha mesmo, de se adaptar para TV
ou refilmar sucessos. Típico caso de ausência de novas ideias. caso. Algumas
podem dar certo, outras passam longe (vide a bem sucedida série Fargo ou o horror chamado Ben Hur). Então, foi com certa desconfiança,
mas uma pitada de boa fé, que vi há alguns meses o primeiro trailer do novo Sete Homens e um Destino.
E acabou se revelando uma grata surpresa em termos de
qualidade a adaptação do clássico de John Sturges, que contava com Yul Brynner
e Steve McQueen encabeçando um elenco, junto a James Coburn, Charles Bronson e
Robert Vaughn. Aqui, Denzel Washington e Chris Pratt repetem a química
conseguida entre os protagonistas do filme de 1960 que, desta vez, tem na
presença de Antoine Fuqua uma direção firme para as cenas de ação nas quais não
comete o erro de modernizá-las ou de trazer uma montagem com cortes acelerados,
algo bem comum nas propostas de atualização de clássicos.
Washington e Pratt: à altura de Brynner e McQueen |
Em um plot bem semelhante ao que vimos na versão original
(que já se tratava de uma reimaginação para a obra de Kurosawa, Os Sete Samurais), o latifundiário e
assassino Bartholomew Bogue (Sarsgaard) decide tomar à força uma cidade por
conta de suas terras. No processo, mata diversos membros da comunidade, o que
leva um grupo deles a procurar vingança e justiça contratando o caçador de
recompensas Chisolm (Washington) que recruta mais seis matadores para fazer o
serviço.
Com uma estrutura inicial de apresentação dos personagens
que remete em modo de tributo ao clássico de 1960, como quando vemos um duelo
semelhante ao que vimos com James Coburn a usar uma faca contra um revolver
(aqui, um grampo de cabelo resolve), a escolha dos novos integrantes do bando
demonstra-se bem eficiente. A começar por um inseguro Ethan Hawke a viver
Goodnight Robicheaux, pistoleiro cuja lenda é alimentada por uma precisão no
tiro, mas que esconde os traumas da guerra a torná-lo incapaz de matar
novamente. Outro que surpreende é Vincent D’Onofrio, ator cujo controle vocal já
é notório (veja-o em Demolidor e
compare com seu personagem aqui) e que usa sua corpulência de modo
impressionante na pele do brutamontes Jack Horne, ou o “urso em roupas humanas”
como define Josh Faraday, vivido com o carisma habitual de Chris Pratt.
Emma Cullen em busca de justiça e/ou vingança |
Além disso, na presença da viúva Emma Cullen (Bennet), uma
personagem feminina forte e determinada, sem a comum fragilidade vista em
alguns filmes, o longa de Fuqua acerta ao torná-la uma das figuras chaves da
trama, cujo desfecho forte e que exibe um passado em comum entre dois outros
antagonistas (algo que remete claramente ao final de Era uma vez no Oeste) colabora para enriquecer ainda mais a
história.
Pecando apenas por não tornar muito factível o interesse do índio
Red Harvest (Sensmeier) na empreitada, algo que é observado pela forma incomum como
ele se aproxima do bando, ou no modo como a desistência de um dos integrantes é
previsivelmente contornada pelo seu retorno em um momento crucial do embate contra
os homens de Bogue, o roteiro de Nic Pizzolato e Richard Wenk cumpre bem sua intenção de homenagear o
longa de 56 anos atrás, imprimindo uma roupagem sem firulas, que faz jus a
estrutura dos westerns clássicos.
Ao pontuar apenas o seu final com o famoso tema original
composto por Elmer Bernstein, o filme de Antoine Fuqua acerta ao optar por uma
identidade própria, algo alcançado com eficiência pela trilha composta pelo
saudoso James Horner, aqui em seu último trabalho.
Os Sete Magníficos em sua nova versão |
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