Começou no dia 11 e vai até 22 de abril, a décima quarta edição do BAFICI (Buenos Aires Festival Internacional de Cine Independente), tradicionalíssimo festival argentino que, desde 1999, fomenta a divulgação de produções de todo o mundo aqui na America do Sul. Apresentando uma variada grade de exibição, que inclui curtas e longas metragens, o evento promoverá diversas exibições com entrada franca. Dentre elas, a pérola do terror Deixe ela entrar, o documentário Tropicalia, dirigido pelo brasileiro Marcelo Machado, além do imperdível documentário Joy Division, que aborda a influência da fugaz banda cujo vocalista Ian Curtis cometeu suicídio pouco antes da viagem aos Estados Unidos que os levaria ao estrelato, em 1980.
Além disso, palestras e mesas redondas com conceituados diretores, como o finlandês Peter Von Bag, veterano documentarista e autor de diversos livros acerca de cinema, vão trazer aos presentes um aprofundamento teórico na produção cinematográfica em seus vários aspectos. Nas diversas mesas que o evento promoverá com entrada franca, temas como cinema político, cinema latinoamericano, investimentos financeiros para a produção audiovisual, critérios de seleção em festivais de cinema, dentre outros, vão trazer para os cinéfilos presentes um panorama bastante amplo da indústria cinematográfica não somente como entretenimento, mas como, justamente, uma indústria.
Cartaz de Tropicália, um dos documentários exibidos no BAFICI |
Na edição desse ano, o festival apresentará uma mostra especial sobre a cena cinematográfica da Boca do Lixo, profícuo momento do cinema nacional que, nas décadas de 1970 e 1980, trouxe à luz filmes como A Opção (Ou: As Rosas da Estrada), de Osvaldo R. Candeias, O Império dos Desejos, de Carlos Reichenbach e Oh! Rebuceteio, de Cláudio Francisco Cunha. Além deles, uma mostra especial em homenagem ao cineasta Carlos Prates, apresentará sete dos seus filmes, dentre eles Perdida, Crioulo Doido, Minas-Texa, Noites do Sertão e Castelar e Nelson Dantas no País dos Generais, este último, ganhador do Kikito de Ouro no Festival de Gramado de 2008, como Melhor Filme e Melhor Montagem.
Nas mostras competitivas de longas metragens, vários filmes brasileiros marcam presença. Dentre eles, o documentário dirigido por Felipe Gamarano Barbosa, Laura, que aborda a inusitada e um tanto decadente rotina da protagonista título em sua vida pretensamente estilizada e “novaiorquina”. O longa, inclusive, foi sucesso de público na mais recente edição do Panorama Internacional Coisa de Cinema, que aconteceu em Salvador em agosto de 2011. Outra produção nacional na mostra competitiva do BAFICI é Olhe Para Mim de Novo, de Cláudia Priscilla e Kiko Goifman. Prêmio especial do júri no Festival do Rio de 2011, o filme aborda a história de uma lésbica durante uma longa viagem pelo nordeste em busca de um médico disposto a fazer a cirurgia de mudança de sexo que ela tanto almeja. Além deste, o festival exibirá A Cidade é uma Só, de Adirley Queirós. O filme, que apresenta uma contundente crítica ao cenário sociopolítico brasileiro, foi um dos principais premiados na última edição do festival de Tiradentes.
Cartaz de A Cidade é uma Só, premiado filme de Adilley Queirós |
Na mostra competitiva de curtas argentinos, diversos diretores estreantes apresentam seus trabalhos. Dentre estes, uma co-produção Brasil/Turquia/Urugai/Argentina intitulada El Leaving. Dirigido por Ygor Gama, o curta traz uma interessante premissa sobre a necessidade de mudanças na vida do ser humano, utilizando como pano de fundo uma troca de endereço. Dentre os cineastas convidados a compor o júri que vai eleger o curta vencedor está o paulista radicado na Bahia, Cláudio Marques. Idealizador, junto a sua esposa Marília Hughes, dos curtas O Guarani, Nego Fugido, Carreto e Sala de Milagres, ambos trabalham na pré-produção do seu longa de estreia, Depois da Chuva, cuja história aborda a trajetória de um adolescente brasileiro de dezesseis anos em 1984, período final da ditadura militar no país.
Sócio-fundador da produtora Coisa de Cinema, Cláudio organiza, desde 2002, o festival Panorama Internacional Coisa de Cinema, que, já em sua oitava edição, traz um norte para cena cultural soteropolitana e colabora na divulgação de excelentes trabalhos nacionais, sejam estes curtas ou longas metragens. Sobre o convite para participar como membro do júri no festival hermano, Cláudio afirma que o BAFICI possui uma das mais radicais curadorias entre todos os festivais do mundo. “Essa característica existe, justamente, pelo fato do festival fugir de aspectos comerciais e por buscar novos diretores, de todos os cantos”, explica.
O cineasta Cláudio Marques (aqui, ao lado de sua esposa, a diretora Marília Hughes) irá compor o júri do BAFICI |
Em relação às semelhanças entre o festival de Salvador e o de Buenos Aires, Cláudio salienta uma comparação entre ambos. “Creio que fui convidado por existir uma sintonia nesse sentido com o Panorama. A nossa curadoria foi muito elogiada pelos membros do BAFICI”, complementa.
Fica, então, a expectativa para outubro de 2012, quando o oitavo Panorama Internacional Coisa de Cinema terá inicio.
Para quem irá ao BAFICI, aproveitem a ótima seleção de curtas e longas.
Informações: http://www.bafici.gov.ar/home12/web/es/index.html
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