Man on the Moon é um filme que te traz uma sensação de inquietação.
Uma obra que, mesmo já tendo sida apreciada diversas vezes, ainda causa tamanho
fascínio. É chover no molhado elogiar o desempenho de Jim Carrey, que parece não
ter atuado no filme, mas, sim, encarnado Kaufman. Milos Forman acertou em cheio
ao não tentar desmitificar a figura de Andy Kaufman. Ele apresenta o “cantor e
dançarino” (autodescrição do próprio) ao público dos anos 2000 do mesmo modo
como Andy se apresentou ao dos anos 1970. Cabe a nós espectadores tentarmos
encontrar um fio de verdade que nos leve a descobrir quem é aquele homem que
parece sair de um personagem para o outro em uma constante mutação, sem nunca
deixar qualquer rastro de sua verdadeira personalidade. Andy era como uma
matrioshka, a boneca russa com diversas versões dentro de si mesma. A cada
situação, uma nova versão surgia e se adaptava àquela realidade. Nessas
adaptações, ele vivia para desafiar o público, criando versões às vezes odiosas
(o lutador misógino e racista), às vezes adoráveis (Latka) e às vezes ambas (Tony
Clifton). A mágica do filme é sempre deixar-nos (quase) sem pistas de quem era
aquele cara de verdade. Talvez somente no final, quando o já combalido Kaufman
percebe ter sido levado pelo mesmo truque ilusionista com o qual brincou a vida
inteira, é que sentimos que ele pôde se colocar na mesma situação do público que
ele sempre manipulou. Ao sorrir, já à beira da morte, observando a mão do “médico”
charlatão a ostentar um relógio de ouro e a segurar um pedaço de tripa que
supostamente este retiraria de seu corpo como prova da cura do câncer, Andy
percebe-se no lugar do público manipulado. Ao final, Kaufman se viu vítima de
seu próprio “golpe”. Confesso que ainda me emociono ao ouvir Man on the Moon na voz de Michael Stipe
no momento final em que Paul Giamatti suspira de emoção ao ver Tony Clifton no
palco um ano após a morte de Andy. Ops! Wait
a minute...
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