Por João Paulo Barreto
A literal descida de um homem ao
inferno. Diferente da descida de Dante, Elon não possui um guia. Apenas uma
busca. É resignado. Paciente. Calmo. Demonstra em poucos e sutis movimentos o
desespero que está sentindo a buscar por sua esposa desaparecida.
Em uma respiração presa e em um
levantar da mão quando questionado sobre a possibilidade de saber como o corpo
dela foi encontrado, Elon demonstra toda sua expectativa de quem já está há
muito tempo naquela busca e sem mais forças para se entregar ao desespero. Como o cavalo na alegórica cena que abre o
filme, Elon não tem outro caminho a não ser aquele que o impulsiona para
frente. E no seu caso em particular, para baixo.
Elon em seu momento de descoberta: dor e pouca força para reagir |
E nesta ida degrau por degrau
abaixo, no instituto médico legal a representar seu inferno particular, em
busca da redenção de toda aquela pressão emocional, Elon se depara com a
indiferença. A rotina de um lugar que não busca oferecer nenhum alívio para os
que estão ali presentes. Um local onde o protagonista desta jornada é apenas
mais um a interromper conversas telefônicas de funcionários pragmáticos.
Uma pausa para um cigarro reconfortante,
seguido da censura proibitiva do lugar e Elon se depara com os degraus finais
de sua descida. Um ambiente hostil, mal iluminado, sujo e frio, revela-se como
o final para a dor daquele homem.
A resposta que ele buscava
chegou, finalmente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário