Direto ao ponto. Que tal seis filmes para
fugir das reprises de A Paixão de Cristo e aproveitar o sabor dos
chocolates da Páscoa? Confere aí!
Por João Paulo
Barreto
A
Fantástica Fábrica de Chocolates (Willy Wonka & The
Chocolate Factory, EUA, 1971)
Pensar
em chocolate no cinema e não se lembrar desse clássico absoluto é
um tanto impossível. Filme nostálgico para muito trintão de hoje
em dia, o longa é baseado no livro do britânico Roald Dahl, e
representa um dos mais adorados best sellers do século XX. Narrando
a história do pequeno Charlie, um jovem de origem humilde que sonha
em conhecer o interior da Fábrica de Chocolates Wonka, o filme
apresenta o pequenino e sua pobre família, que ajuda o garoto a
realizar seu desejo através de um cupom dourado encontrado por sorte
em uma barra da guloseima. Junto com um grupo de crianças que também
encontraram (de forma honesta ou trapaceando) um cupom, Charlie
adentra com o avô na fábrica capitaneada pelo tal Willy Wonka, um
(sádico?) simpático homem que insere diversas provas pelas quais os
garotos têm que passar. Diversas teorias conspiratórias pregam que
Wonka não passa de um sádico que, na verdade, odeia crianças.
Vivido por um sorridente Gene Wilder, essa teoria não é assim tão
perceptível durante o longa. A não ser, claro, se você o assista
já com isso em mente.
Como
água para Chocolate (Como água para Chocolate, México,
1992)
Apesar
de seu título, não é somente a iguaria mais consumida nessa época
do ano que é abordada nesse filme mexicano que traz o trabalho de
fotografia do vencedor dos dois últimos Oscars na categoria,
Emmanuel Lubezki (aqui, ainda em começo de carreira). Utilizando
como metáfora para o desejo sexual tanto a guloseima à base cacau
quanto diversas outras comidas, o filme apresenta uma época em que a
repressão desse desejo tem um apoio conservador oriundo da sociedade
e da família daquele tempo, período da Revolução Mexicana. Quando
vemos uma mulher que havia sido proibida de se casar com o homem que
ama por conta dos caprichos da própria mãe, ter sua libido desperta
de forma selvagem e autodestrutiva, o simbolismo da libertação a
partir de uma arte como a culinária se torna evidente. E uma cena
envolvendo um bolo de chocolate e tudo o que ele pode causar a um
casamento retrata de forma sagaz essa liberdade perseguida.
Chocolate
(Chocolate, EUA, 2000)
Bobinho,
embora pretensioso em sua produção feita para ganhar o Oscar de
2001 (e indicado a cinco prêmios da Academia), esse filme dirigido
pelo especialista em dramalhões, Lasse Hallström (de Regras da
Vida e o recente Querido John), tenta emular um pouco da
revolução que a culinária pode causar em um pequeno lugarejo como
o visto em Como água para Chocolate. Aqui, a trama é
transferida para uma vila no interior da França e o aspecto
sociológico e histórico do período político mexicano é reduzido
para as fofocas de simplórias donas de casa francesas. Juliette
Binoche interpreta uma pequena comerciante de talentos
extraordinários na confecção de chocolates que resolve abrir uma
pequena loja para vender suas iguarias. Semelhante ao que vimos na
película mexicana, os doces causam um rebuliço na vida social e
sexual dos casais da região. Tendo um Johnny Depp no papel de um
cigano musicista e vitima do racismo local, o par romântico de nossa
protagonista está formado.
A
Fantástica Fábrica de Chocolates (Charlie and the
Chocolate Factory, EUA, 2005)
Em
sua refilmagem (feita em parceria com Johnny Depp, seu colega
constante), Tim Burton apresenta uma versão mais ácida e óbvia
quanto aos ressentimentos que Willy Wonka nutre pelas crianças que
convida a conhecer o interior de sua fábrica. Vivido por um Depp que
sempre se esforça para tornar evidente a bizarrice de seus
personagens, essa colorida versão dirigida pelo quase sempre
monocromático Burton investe bem mais no aspecto psicológico do seu
protagonista e nos seus traumas familiares para explicar o porquê de
suas rusgas para com os pequeninos (e, em alguns casos, irritantes)
visitantes. Do mesmo modo como na versão original, a vontade de
comer chocolates é inevitável ao subir os créditos. Cantarolar as
músicas, idem. Ainda mais, aliás.
Românticos
Anônimos (Les émotifs anonymes, França, 2010)
Mais
um filme a abordar a confecção do chocolate e suas consequências
românticas. Aqui, temos outra expert na arte de criar as guloseimas,
mas sem nenhum traquejo social para lidar com pessoas, muito menos
para encarar qualquer possibilidade de relacionamento amoroso. Ao
conseguir um emprego em uma fábrica de chocolates, Angélique, além
de surpreender a todos com seus dotes culinários, precisa lidar com
as investidas românticas de Jean-René, seu chefe, que, assim como
ela, tem problemas crônicos sobre como lidar com sua timidez. No
caso dele, tal problema é exclusivo das relações com o sexo
oposto. Situações hilárias e um tanto nonsenses ilustram bem a
condição dos protagonistas em um filme bem amarrado e divertido.
Me
Late Chocolate (Idem, México, 2013)
Inédito
no Brasil, Me Late Chocolate (algo como “Chocolate, me
bate”, em tradução livre do espanhol) é mais uma obra mexicana a
mesclar relações amorosas ao hábito de confeccionar chocolates. De
qualidade inferior aos outros filmes dessa lista, Me Late,
Chocolate é uma comédia romântica leve que, apesar de
irregular, diverte de forma despretensiosa. Abusando dos desencontros
amorosos de sua protagonista, Moni, que, após perder seu quase noivo
em um acidente inusitado, decide se dedicar ao que mais gosta:
fabricar chocolates. O problema é que qualquer tentativa de achar um
novo amor é frustrada por visões hilárias do falecido. Vale tanto
pelas risadas das situações absurdas, como pela rápida
participação de Edgar Vivar, nosso eterno Seu Barriga, de Chaves.
Gostei da ideia. Procuro, a propósito, filmes que tenham "alimentação" como temática central.
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