Por João Paulo Barreto
Mais um passo no plano da Marvel em
criar um equivalente (e bilionário) paralelo de seus heróis de papel nas telas
do cinema, Vingadores – A Era de Ultron solidifica
ainda mais o terreno narrativo e interligado por todos os filmes dos
personagens licenciados pela editora para o cinema desde Homem de Ferro (2008).
Nesta nova aventura, somos
apresentados à inteligência artificial, e supostamente pacificadora, Ultron,
criada por Tony Stark (Downey Jr.) e pelo Dr. Bruce Banner (Mark Ruffalo) a
partir da tecnologia alienígena contida no cetro do personagem Loki, subjugado
no filme anterior. Como de praxe, a tal inteligência, capaz de transmutar-se em
robôs assassinos, se rebela contra seu criador e parceiros preferindo ela mesma
colocar em prática aquilo que chama de pacificação da humanidade através da
extinção da mesma.
Com a criação de um antagonista à
altura dos poderes dos heróis, resta ao diretor e roteirista Joss Whedon a
criação do espetáculo visual habitual nos filmes do grupo. Aqui, utilizando a fórmula
já aproveitada na primeira parte, ele volta a colocar parte dos heróis para
lutar entre si, deixando, dessa vez, que os esforços se concentrem entre a
versão parruda do Homem de Ferro (batizada de Hulkbuster) contra a sua inspiração na forma da fúria verde do
Hulk. E a fórmula se repete do mesmo modo eficiente visto no anterior.
Tony Stark em sua versão parruda Hulkbuster |
Dando um tempo na já comum
destruição da cidade de Nova York, A Era
de Ultron leva esse espetáculo visual para a Europa Oriental, onde
traficantes de armas negociam com a versão robótica de Ultron o material
necessário para a criação do seu exército e este recruta dois novos seres com
superpoderes: os irmãos Mercúrio e Feiticeira Escarlate. O primeiro,
superveloz, e a segunda, capaz de manipulação mental e de criar rajadas de
energia.
Desde a sua cena de abertura, reconhecemos
um hábito do diretor Joss Whedon. Com cada ação dos heróis sendo exibida
separadamente através de uma câmera baseada em planos contínuos e travellings ágeis,
já sabemos que em algum momento os veremos reunidos no mesmo quadro em uma pose
heroica (algo já visto no predecessor). As velozes e empolgantes sequências
compostas pelo diretor e roteirista de quadrinhos nos levam a reconhecer um
estilo de filmagem que marca os dois primeiros filmes dos Vingadores e, claro,
encontram diversos ecos nos enquadramentos vistos nas HQs.
No quesito da criação visual do
filme, as expressões faciais do Hulk em sua fúria domada pela Viúva Negra, e a
inserção de Ultron inicialmente como um destruído e (justamente por isso)
horripilante robô para uma evolução gradual à imponente presença no apogeu de
sua forma, fazem deste novo capitulo algo realmente admirável. Curioso observar
como sua expressão facial nos remete à Maschinenmensch (máquina-humana) de Metropolis, clássico de Fritz Lang.
Sendo Ultron uma criação de Stark, nada mais irônico que o complexo de Frankenstein
visto nos dois filmes seja tão evidente.
Ultron "in the flesh" |
Some a isso o domínio de voz que
James Spader utiliza ao dublar Ultron (algo que será perdido pelos que preferem
as versões em português), e o que se vê
no personagem é uma criação de vilania que, ironicamente, se mostra muito mais
eficiente que a versão em carne e osso trazida pelo vilão Loki, interpretado
por Tom Hiddleston e seu forçadamente onipresente sorriso. E a forma encontrada
por Ultron para se descrever quando se apresenta salienta ainda mais tal
ironia.
Apesar de pecar na ingenuidade
simplista como a resolução do conflito é apresentada a partir da ação do novo
personagem Visão, que simplesmente deleta Ultron do seu domínio cibernético, e
a reciclagem do clímax do filme anterior, onde a destruição de um artefato
resolve todos os problemas, Vingadores –
A Era de Ultron, se apresenta como uma obra mais bem resolvida que sua
primeira parte.
De fato, o universo Marvel no
cinema, com todos os seus filmes formando uma eficiente unidade, acaba se
consolidando como algo notável que a sua rival, DC Comics, terá que suar um
pouco para alcançar.
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