(Les Adieux à la Reine, França/Espanha, 2012) Direção: Bonoît Jacquot. Com Léa
Seydoux, Diane Kruger, Virginie Ledoyen, Xavier Beauvois, Noémie Lvovsky,
Michel Robin
Por João Paulo Barreto
Adeus, Minha Rainha é mais uma filme a lançar luz sobre a
conturbada e curta vida de Maria Antonieta (Daiane Kruger), a decapitada rainha
consorte da França que durante seu casamento arranjado com Luis XVI, foi odiada
pelo povo francês por ser acusada de influenciar o rei em prol da Áustria, seu
país de origem.
A trama acompanha quatro dias na vida
da rainha, mas pela ótica de sua criada, Agathe-Sidonie Laborde (Léa Seydoux),
no período que antecede a queda da Bastilha e a derrocada da família real
francesa. Sidonie acaba por criar uma relação afetiva com a monarca pela
proximidade que mantém com esta em suas leituras diárias. A jovem serve como
uma espécie de conselheira e tutora intelectual da monarca, já que está sempre
presente a indicar livros para o entretenimento de Antonieta.
Concebida com claras preferências
homossexuais, a Antonieta de Kruger oscila entre a indiferença e o medo. Sua
indiferença está nas pessoas que a cercam. Vivendo em um berço de luxo, como
uma criança mimada, a rainha derrama suas preocupações inúteis em servos
dedicados. O diretor Benoît Jacquot acerta ao mantê-la sempre no leito durante
as cenas iniciais, já que o tratamento dispensado a esta é o mesmo de uma
criança que requer todos os cuidados. Já o seu medo recai na incompreensão dos
que lhe cercam a respeito do seu amor pela Duquesa Gabrielle de Polignac, uma
relação que beira o platonismo tamanha a idealização que ambas conduzem sobre o
que sentem. Porém, o medo maior de Antonieta será uma mescla da perda de seu
amor e de seu pescoço.
Realeza avaliada por súditos: Sidonie (e) e a percepção de seu lugar |
O olhar sobre os acontecimentos oscila
muito bem entre as impressões de Sidonie acerca de sua rainha e o desespero
desta para com o final de sua boa vida. A pretensa confiança que a primeira
deposita na segunda é o mote do filme, algo que trará uma amarga surpresa na
jovem e, por consequência, no espectador. Adeus,
Minha Rainha, no decorrer de seus curtos 100 minutos, acaba por se revelar
menos um registro histórico, e mais uma dura história de amor, real e
platônico. É um filme construído com calma, um longa cujos olhares dizem mais
que os diálogos.
O olhar lacrimejado de Sidonie
para com sua monarca ao se despir diante de sua ordem denota uma obra que,
antes de tudo, trata do depósito ilusório de fé e confiança nas pessoas.
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