sexta-feira, 3 de maio de 2013

Adeus, Minha Rainha


(Les Adieux à la Reine, França/Espanha, 2012) Direção: Bonoît Jacquot. Com Léa Seydoux, Diane Kruger, Virginie Ledoyen, Xavier Beauvois, Noémie Lvovsky, Michel Robin



Por João Paulo Barreto

Adeus, Minha Rainha é mais uma filme a lançar luz sobre a conturbada e curta vida de Maria Antonieta (Daiane Kruger), a decapitada rainha consorte da França que durante seu casamento arranjado com Luis XVI, foi odiada pelo povo francês por ser acusada de influenciar o rei em prol da Áustria, seu país de origem.

A trama acompanha quatro dias na vida da rainha, mas pela ótica de sua criada, Agathe-Sidonie Laborde (Léa Seydoux), no período que antecede a queda da Bastilha e a derrocada da família real francesa. Sidonie acaba por criar uma relação afetiva com a monarca pela proximidade que mantém com esta em suas leituras diárias. A jovem serve como uma espécie de conselheira e tutora intelectual da monarca, já que está sempre presente a indicar livros para o entretenimento de Antonieta.

Concebida com claras preferências homossexuais, a Antonieta de Kruger oscila entre a indiferença e o medo. Sua indiferença está nas pessoas que a cercam. Vivendo em um berço de luxo, como uma criança mimada, a rainha derrama suas preocupações inúteis em servos dedicados. O diretor Benoît Jacquot acerta ao mantê-la sempre no leito durante as cenas iniciais, já que o tratamento dispensado a esta é o mesmo de uma criança que requer todos os cuidados. Já o seu medo recai na incompreensão dos que lhe cercam a respeito do seu amor pela Duquesa Gabrielle de Polignac, uma relação que beira o platonismo tamanha a idealização que ambas conduzem sobre o que sentem. Porém, o medo maior de Antonieta será uma mescla da perda de seu amor e de seu pescoço.

Realeza avaliada por súditos: Sidonie (e) e a percepção de seu lugar 
O olhar sobre os acontecimentos oscila muito bem entre as impressões de Sidonie acerca de sua rainha e o desespero desta para com o final de sua boa vida. A pretensa confiança que a primeira deposita na segunda é o mote do filme, algo que trará uma amarga surpresa na jovem e, por consequência, no espectador. Adeus, Minha Rainha, no decorrer de seus curtos 100 minutos, acaba por se revelar menos um registro histórico, e mais uma dura história de amor, real e platônico. É um filme construído com calma, um longa cujos olhares dizem mais que os diálogos.

O olhar lacrimejado de Sidonie para com sua monarca ao se despir diante de sua ordem denota uma obra que, antes de tudo, trata do depósito ilusório de fé e confiança nas pessoas. 

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