(Brasil, 2012) Direção Marcelo Matos e Wallace
Nogueira. Com Thomas Vinicius de Oliveira, Emanuel de Sena, Fábio Costa, Jonas
Laborda.
Por João Paulo Barreto
Trabalho de extrema delicadeza e
crítica mordaz à sociedade excludente, Menino
do Cinco, de Marcelo Matos e Wallace Nogueira, é um filme acerca da solidão
e necessidade de afeto. Claro que há outros temas envolvidos no curta metragem
baiano ganhador do festival de Gramado de 2012. Porém, essas questões,
juntamente com as ricas metáforas sociais e reflexões que esse tema traz, são
os pontos de maior destaque da eficiente história escrita por Matos.
Ligados pela perda de um
cachorro, dois garotos, um branco de classe média, Ricardo, e um negro da
periferia (que não possui nome, em mais um sutil recado do roteiro), lutam para
ficar com aquele animalzinho que consideram sua mais valiosa posse. Enquanto
vive em uma rotina sem amigos, brincando sempre sozinho, com um olhar
melancólico, Ricardo, o menino do cinco do título, encontra o filhotinho no
playground do prédio onde vive com o pai.
Em um momento repleto de
simbolismo, os garotos de rua ocupam seu tempo pedindo trocados para os
motoristas que estacionam em frente ao prédio. Ao colocar o cãozinho por um
momento próximo à grade do prédio, o animal foge e adentra no gramado do lugar.
Observem como o prédio está em nível superior ao da rua. Nada representa melhor
a diferença entre aqueles garotos. O que brinca no gramado do prédio, solitário,
criando as próprias distrações para poder se divertir e o grupo de garotos de
rua, que não têm o mesmo conforto e segurança de Ricardo, mas têm a amizade um do
outro.
No cãozinho, ele encontra o
sorriso perdido. Em um universo onde não há a presença feminina de uma mãe para
mimá-lo, apenas seu pai sempre ocupado com o trabalho e, aparentemente
irredutível quanto a não permitir animais no apartamento, Ricardo se diverte
sozinho com bonecos e brincadeiras inventadas. O cachorro representa quase que
seu único elo com uma infância divertida e calorosa que ele parece não conhecer.
Nesse sentido, ver os meninos de rua brincarem entre si, mesmo sem o conforto
que o garoto do condomínio possui, faz o espectador perceber o quão deprimente
é a sua vida sem o animalzinho de estimação que pareceu surgir para lhe tirar
daquela letargia.
Como percebemos no último momento
do curta, abrir mão daquela única alegria será algo que ele não estará disposto
a fazer de modo natural. Menino do Cinco é
um filme que ecoa em sua reflexão muito tempo após você se desligar dele.
E não
é disso que é feito o bom cinema?
que engraçado ninguém percebeu que ricardo tem fortes traços de psicopatia, não tem amigos, é cruel com bonecos, foge ou não suporta ser contrariado e finalmente crueldade.
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