JC em meio aos jovens cinéfilos da turma de 2011 da oficina de crítica |
“Oficina de Crítica Cinematográfica com João Carlos Sampaio
faz parte das atividades da sétima edição do Panorama Internacional Coisa de
Cinema.” Foi com essa notícia que a fagulha da empolgação apareceu lááá em
2011, quando eu ainda estava no último semestre do curso de Jornalismo,
preocupado com um TCC que parecia empacado, mas que poderia caminhar com a
inspiração certa. Inscrição garantida para a oficina em questão e pude ser
apresentado àquele cara que já conhecia de outras linhas críticas desde os anos
1990, mas que nunca poderia imaginar que iria chamar de amigo um dia. Amigo,
mentor, torcedor do Vitória (ninguém é perfeito, risos) e um cara de humildade
impar, generosidade gigantesca e que sempre teve em mente a ideia de que, na
área da crítica cinematográfica, o verbo principal é somar. Quanto mais gente,
melhor. Mais diálogo, mais força, mais pensamentos válidos em prol da discussão
que faz o cinema existir. Daquela oficina de crítica cinematográfica, eu e os
amigos Rafael Saraiva, Rafael Carvalho, Luis Fernando Pereira e Washington
Oliveira saímos como integrantes do Júri Jovem do Panorama Coisa de Cinema,
festival dos mais influentes no Brasil e que, esse ano, chega em sua 10ª
edição. O orgulho principal para mim naquele ano foi poder ter sido reconhecido
por um cara cujos textos eu admirava desde muito tempo. Foi a partir daquela
oportunidade que me vi parte de algo que pulsava. A partir daquela seleção
feita por João, foi possível trazer para o campo da crítica cinematográfica um
conjunto de olhares diferentes, pessoas que somavam, sem vaidade, sem
egocentrismo. A equipe do Júri Jovem daquele ano significou uma entrada em um
universo que eu ansiava por pertencer. E devo isso àquele cara engraçado, de
tiradas rápidas, coração imenso e sorriso largo. O convite para participar da
minha banca de TCC (sim, o trabalho evoluiu, finalmente) veio logo após o
festival. E foi um momento de orgulho tê-lo como parte da mesa composta por mestres
inspiradores como Aristóteles Rocha e Juliana Gutmann. João trouxe um olhar
elucidativo para minha tentativa de analisar as obras de Martin Scorsese e
Fernando Meirelles pelo viés da crítica de cinema. A partir de então, eram
frequentes nossos papos cinéfilos em encontros constantes na casa da cinefilia
baiana que é o Espaço Glauber Rocha de Cinema. De lá para cá, outros panoramas
vieram. O convite de Cláudio Marques e Marília Hughes para compor a Curadoria
das edições seguintes me fez sorrir feito menino. Ser pago para ver filme?
Uau!! Qual o jornalista recém formado que anseia fazer crítica cinematográfica
e viver disso não sonharia com um momento desses? E lá estava o João Carlos
Sampaio (ou, como eu o chamava carinhosamente “JC”) pacientemente a tirar
duvidas em telefonemas, chats do facebook e e-mails. Com aquele cara não havia
estrelismo. Não havia aquela arrogância tão comum nesse campo profissional. A
sua humildade era algo contagiante. JC, se viesse a ler este relato emocionado,
me chamaria de piegas e careta. Mas eu não consigo evitar a pieguice e a
caretice ao falar da falta que um cara como ele vai fazer. Obrigado, João.
Lembro-me de nossa última conversa no Glauber, sexta-feira passada, dia 25 de
abril. De alguma forma, acabamos por enveredar em uma breve conversa acerca do
ateísmo que compartilhávamos. Bom, hoje você tem todas as repostas para essas
idéias relacionadas ao que vem depois da última curva. Mais uma vez, é você
quem tem as repostas. Uma pena que eu não poderei te escrever ou telefonar para
tirar mais essa dúvida. Um abraço, caro amigo. Obrigado por tudo. Obrigado,
mesmo!
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