Primeiro documentário da Mostra Nicolas Philibert, promovida pela Sala Walter da Silveira, Cidade Louvre apresenta o grandioso museu parisiense fora de sua pompa externa, mas absorto em seu grandioso acervo. O filme de Philibert se preocupa em exibir ao espectador como funciona um dos maiores museus do mundo. Dono de uma coleção de peças que compõe parte da história da humanidade, o Louvre é apresentado pela lente do diretor a partir do está por trás de sua estrutura física, focando no seu lado organizacional.
Fechado para reforma em 1990, o museu abriu as portas para a equipe do cineasta e exibiu o que acontece com um local como aquele quando o público, sua principal razão de existir, não está mais presente. Philibert, de modo inteligente, não utiliza trilha sonora durante boa parte do filme. Apenas o som ambiente, diegético, do lugar. Dessa forma, consegue construir uma ambientação eficaz na ideia de demonstrar a grandiosidade do espaço. Afinal, são milhares de metros quadrados em vários subsolos. O som que ecoa no lugar, a partir do cuidadoso transporte de imensas telas, demonstra a dimensão daquele museu. O mesmo se dá quando ouvimos as pinceladas dos restauradores nas obras, que, utilizando uma substância para dar brilho às imagens, passam suavemente os pinceis por sobre aquelas superfícies antiquíssimas com um apego e esmero palpáveis.
Esmero no trabalho: consciência da importância da preservação de um patrimônio |
Cidade Louvre apresenta-se como uma colagem de momentos na rotina dos funcionários do museu sem necessidade de seguir uma narrativa linear. O filme demonstra como cada peça humana no lugar o mantém em funcionamento. Treinamentos para brigadistas em caso de incêndio; a necessidade dos seguranças usarem terno e gravata mesmo no período em que o museu está fechado; introdução a primeiros socorros; até mesmo a medição do grau de acústica dos ambientes onde as obras de arte ficam. Cada detalhe é levado como ponto de suma importância pela equipe que administra o lugar. E desse modo, cada função apresentada pelo diretor traz um equilíbrio ao todo que mantém a plenitude do museu.
Essas pessoas são demonstradas por Philibert de uma forma que sentimos o orgulho que eles possuem por fazer parte daquela equipe de profissionais. Em cada momento, acompanhamos uma ação dos funcionários e a forma como Philibert demonstra suas funções leva o espectador a perceber como cada um deles possui uma importância única na estrutura do lugar. Desde as pessoas que recolhem com todo apreço os fragmentos que caem das bordas das telas que são desenroladas para serem restauradas, sabendo que mesmo aqueles pedaços perdidos possuem um valor inestimável e merecem ser conservados, até os cozinheiros responsáveis pelo refeitório do lugar, todos os funcionários são exibidos em seu dia a dia de modo a ilustrar como aquele conjunto de pessoas torna o Louvre o símbolo de preservação artística que é.
O documentário segue uma estrutura que foge dos padrões “cabeças falantes” que esse tipo de filme poderia possuir. Ele não foca em depoimentos dados à câmera. O diretor prefere se inserir naquele universo de modo incógnito. Tudo que ele observa é o que nós também observamos. Cada obra de arte é trazida à lente de Philibert junto com a surpresa do espectador em observar aqueles objetos raríssimos. Quando surge em quadro a imagem da Monalisa, separada por uma parede de vidro sendo polida, a ideia de tesouro cultural é claramente exibida pelo cineasta.
Dedicação e apuro no cuidado com as obras |
O documentário segue uma estrutura que foge dos padrões “cabeças falantes” que esse tipo de filme poderia possuir. Ele não foca em depoimentos dados à câmera. O diretor prefere se inserir naquele universo de modo incógnito. Tudo que ele observa é o que nós também observamos. Cada obra de arte é trazida à lente de Philibert junto com a surpresa do espectador em observar aqueles objetos raríssimos. Quando surge em quadro a imagem da Monalisa, separada por uma parede de vidro sendo polida, a ideia de tesouro cultural é claramente exibida pelo cineasta.
Há um cuidado por parte dos organizadores do museu em exibir todas as obras de arte. “Nós não queremos ficar somente nas óbvias, que vão exigir do turista pouco estímulo intelectual. Queremos exibir todo o acervo”, explica a um colega um dos curadores do Louvre. É o tipo de declaração que denota a valorização daquele profissional em enxergar-se como peça importante na divulgação da cultura. Algo que Nicolas Philibert demonstrou perfeitamente ao idealizar esse projeto.
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