domingo, 8 de janeiro de 2012

Um Animal, Os Animais

(Un Animal, Des Animales, França, 1996) Direção: Nicolas Philibert


Com estrutura bastante semelhante ao Cidade Louvre, seu documentário realizado seis anos antes, este Um animal, Os animais, filme de Nicolas Philibert apresentado no segundo dia da Mostra em homenagem ao diretor francês na Sala Walter da Silveira, traz uma visão de outro museu, dessa vez o de História Natural, em Paris.

Local onde são exibidas diversas espécies fauna mundial, sejam elas empalhadas, modelos em réplicas sintéticas e animais pré-históricos em tamanho real, o Museu Nacional de História Natural de Paris permaneceu fechado desde 1965. Passando por um período de renovação entre os anos de 1991 e 1994, teve as portas abertas para a lente do diretor Nicolas Philibert, que teve liberdade para documentar todo o processo de recuperação do acervo, registrando a recriação de espécies raras a partir do cuidado dos profissionais que ali trabalham.

Apesar de manter uma estrutura praticamente idêntica ao de Cidade Louvre, dessa vez Philibert preferiu valorizar mais a exibição do acervo do local e menos o quadro profissional do museu, como foi visto no documentário sobre o Louvre. No entanto, ainda assim, o diretor traz ao conhecimento do espectador uma preocupação por parte dos museólogos em manter uma fiel adaptação do habitat natural dos animais que impressiona pelos mínimos detalhes da recriação. É o que se percebe no momento em que maquetes são produzidas para ilustrar de modo exato onde cada animal deverá ficar. Há uma atenção voltada até mesmo para os insetos, os quais são inseridos no local de modo planejado e de acordo com pesquisas feitas do ambiente natural da fauna e flora.

Em certo momento do filme, dois museólogos discutem a quantidade de borboletas que deverá ser inserida na representação da floresta amazônica no museu. O número de 500 exemplares espanta até mesmo um deles e deixa claro a fidelidade com que a equipe se preocupa em recriar os ambientes. E não somente estes possuem uma fidelidade notável com os naturais, mas os próprios animais são exibidos em uma linha de montagem que impressiona pelo modo como o resultado final se assemelha à visão das espécies vivas, ainda mais quando inserida a iluminação especial dos ambientes do museu. Valoriza-os ainda mais os diversos takes que Philibert faz das expressões estáticas das réplicas dos animais, que parecem observar todo aquele processo estranhando o local onde agora “vivem”.

Ao final dos breves 57 minutos de projeção e com as semelhanças do que acabamos de ver com o outro trabalho já citado do diretor, o documentário acaba por salientar uma admirável importância que a França dá à preservação da História do mundo, seja através das obras de artes criadas pelos homens ou pelas representações de animais que eles mesmos podem ter ajudado a destruir.

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