(What to Expect When You´re Expecting, EUA, 2012) Direção: Kirk Jones. Com Cameron Diaz, Jennifer Lopes, Elizabeth Banks, Chace Crawford, Ben Falcone, Rodrigo Santoro, Anna Kendrick, Dennis Quaid, Chris Rock, Joe Manganiello.
Por João Paulo Barreto
A principal decepção ao assistir a O Que Esperar Quando Você
Está Esperando é perceber ter sido
enganado pelo trailer. A ideia de ver um grupo de pais que se reúnem no parque
para passear com os filhos pequenos e trocar experiências sobre a paternidade
entre si, me pareceu divertidíssima nos breves minutos em que durou a prévia. A
graça estava toda ali: Chris Rock com aquele bigodinho ordinário na companhia
de outros pais desastrados tentando ensinar o pai de primeira viagem vivido por
Rodrigo Santoro a encarar com mais naturalidade essa responsabilidade.
E, de fato, as melhores cenas do
filme são as que se passam entre o grupo. Desde aos casos absurdos de acidentes
onde seus bebês caíram do trocador de fraldas ou dentro do vaso sanitário, até
às saudações para o solteirão boa pinta e pegador, Davis (Joe Manganiello, o
Flash Thompson do Homem Aranha do Sam
Raimi). As cenas em que ele faz barra com apenas um braço ou os momentos em que
todos os papais se esforçam para conseguir um simples cumprimento dele no
estilo “high five” são as melhores do longa. Isso sem contar a apresentação de
todos eles, na já batida mas ainda eficiente tomada em slow motion quando todos parecem ser durões, mas bebem suquinhos
direto da mamadeira dos herdeiros.
Chris Rock e o grupo de pais desastrados: o que se salva do filme |
Sim, nesses momentos, essa
comédia dirigida por Kirk Jones (o mesmo do tocante Estão Todos Bem e da pérola A
Fortuna de Ned) até funciona. O problema está nas outras cinco(!!!)
histórias paralelas. Um breve resumo de todas: Cameron Diaz é Jules, uma
apresentadora de reallity show para obesos interessados em emagrecer que se
descobre grávida na primeira cena do longa, um momento escatológico ocorrido enquanto
participa de um concurso de dança. Elizabeth Banks é Wendy, uma escritora que
tenta vender a imagem de que a gravidez é algo que pode acontecer sem stress
para as mães, mas que sente na pele o contrário. Ela é casada Gary (Ben Falcone)
que é filho do ex-corredor de automobilismo Ramsey (Dennis Quaid) que acaba de
engravidar a namorada de 26 anos. Além deles, tem o já citado Santoro e
Jennifer Lopez, que querem adotar um bebê africano e a mais descartável das tramas,
a que envolve Rosie (Kendrick), Marco
(Crawford) e uma gravidez oriunda de um primeiro encontro.
O problema do roteiro não é nem o
fato de que há tramas paralelas em excesso. Muitos longas já conseguiram
equilibrar diversas histórias. O problema é que, aqui, não há coesão entre elas.
E quando o roteiro escrito por Shauna Cross e Heath Hach (baseado no livro de
Heidi Murkoff) tenta criar essa cosão, as coisas só tendem a piorar, uma vez
que decidem mirar em diversas sub tramas sem desenvolver propriamente nenhuma
delas. Até o final do filme, já teremos passado pelos testes de paciência como
o clichê de usar sons de flatulência para causar graça ou até mesmo a tentativa
de criar um elo na conturbada relação entre o pai Ramsey e o filho Gary,
inserindo uma possível morte que logo em seguida é descartada.
No mais, fica a impressão clichê
e preconceituosa do longa em colocar obesos sempre como alvos de graça (em
certo momento vemos um deles agir como um pinguim adestrado). Uma pena que a
história tenha deixado tão em sexto plano (?!) a terapia de grupo entre pais
que se viram sozinhos para cuidar dos filhos durante os passeios no parque,
para focar em dramas tão descartáveis. A descrição de um dos personagens para o
grupo de pais, definindo-os como um clube da luta só que sem violência, já
chamava a atenção para o que realmente importava mostrar no longa.
Assista, mas não espere muita coisa.
Assista, mas não espere muita coisa.
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